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Governo não barra manifestações sobre presos do mensalão

"Lula, guerreiro, defenda os companheiros", gritaram militantes para o ex-presidente, que não falará da ação "enquanto não terminar o último julgamento"

Presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam do 5º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam do 5º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 05h50.

Brasília - Fracassou a tentativa do governo de impedir manifestações de desagravo aos condenados no processo do mensalão na abertura do 5.º Congresso do PT, na noite desta quinta-feira, 12, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff e o seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, porém, não fizeram a defesa pública dos petistas presos.

"Lula, guerreiro, defenda os companheiros", gritaram militantes da plateia, antes mesmo do discurso do ex-presidente. "Eu não falarei da Ação Penal 470 enquanto não terminar o último julgamento", respondeu ele, sem mencionar o termo "mensalão". Com microfone em punho, o ex-presidente preferiu criticar a imprensa, a oposição, pregar a ampliação das alianças políticas e pedir votos para Dilma.

No auditório, petistas passavam de um lado para outro com uma faixa enorme, reivindicando a "Anulação da Ação Penal 470", mas nem Lula nem Dilma manifestaram solidariedade ao ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ao ex-presidente do PT José Genoino e ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, presos há 28 dias.

"A verdade é que nós pagamos pelo nosso sucesso", afirmou Lula. "Não se iludam: quanto melhor nós fizermos, mais aumenta a ira deles contra nós", emendou." Recepcionada aos gritos de "1,2,3 é Dilma outra vez" a presidente foi na mesma linha e disse que o PT tem "couro duro" nas dificuldades.

"Poucos governos e poucos partidos fizeram tanto pela transparência e o combate à corrupção como o PT. Mais ética e mais democracia é um clamor do PT, é algo que o PT sempre defendeu. É isso que nos distingue e faz a diferença: nós temos lado, temos posição e sabemos que a vida é dura", insistiu Dilma.


A única referência feita por Lula aos condenados do mensalão foi quando ele citou a cocaína encontrada na aeronave do deputado mineiro Gustavo Perrella.

"Se for comparar o emprego do Zé Dirceu no hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero a gente percebe que houve desproporção na divulgação do assunto", disse o ex-presidente, numa alusão à frustrada tentativa de Dirceu de ser gerente do hotel Saint Peter, em Brasília, com um salário de R$ 20 mil.

Dilma não queria manifestações contra o julgamento do Supremo Tribunal Federal na abertura do 5.º Congresso do PT, mas foi avisada por dirigentes do partido, antes da cerimônia, que não era possível controlar a plateia. Coube ao presidente do PT, deputado Rui Falcão, fazer o desagravo aos condenados petistas.

"Ninguém pode ser arvorar no direito de nos dar lição de ética!", exclamou ele, que definiu o processo como um "tsunami de manipulação". "Repito, sem titubear: nenhum companheiro condenado comprou votos no Congresso Nacional, não usou dinheiro público, nem enriqueceu pessoalmente", disse Falcão, que defendeu a regulamentação da mídia e partiu para a ofensiva contra o PSDB.

"Por que o silêncio de mais de uma década, no martelo dos juízes, no famoso mensalão do PSDB mineiro? Por que o tratamento diferenciado de certos setores da grande imprensa em relação ao 'trensalão' do governo tucano de São Paulo?" provocou.

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