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Governo ilegítimo tem tendência para repressão, diz Dilma

A presidente disse que o governo provisório, por ser "ilegítimo", tem uma "tendência incontrolável para o arbítrio e a repressão"

Dilma Rousseff: "eles percebem que a cada dia as dificuldades de legitimação, as dificuldades de justificativa para o golpe são muito fortes" (Ueslei Marcelino / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2016 às 22h47.

Porto Alegre - A presidente da República afastada, Dilma Rousseff , afirmou nessa sexta, 3, que o governo do presidente em exercício, Michel Temer, por ser "ilegítimo", tem uma "tendência incontrolável para o arbítrio e a repressão".

Segundo ela, um exemplo disso se deu na sessão da Comissão do Impeachment do Senado desta quinta-feira, 2.

"Nós entregamos minha defesa na quarta, e ontem ficou claro que a comissão teve uma atitude clara de tentar impedir que nós exerçamos o direito de defesa", disse em evento de lançamento estadual do livro "A Resistência ao Golpe de 2016", no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

"Por que isso? Porque eles percebem que a cada dia as dificuldades de legitimação, as dificuldades de justificativa para o golpe são muito fortes", acrescentou, destacando, como tem feito ultimamente, que o processo de impeachment em curso no Congresso não tem fundamentos, pois não houve crime de responsabilidade.

A defesa de Dilma recorreu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, contra medida que acelera o rito do processo de impeachment. A ação questiona a decisão do presidente da comissão processante no Senado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), de acatar questão de ordem da senadora Simone Tebet (PMDB-MS) que reduz o cronograma estabelecido pelo relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) em 20 dias.

De acordo com Dilma, o direito de defesa é um espaço de luta política aberta que faz parte da democracia. "Se eles são incapazes de garantir o direito de defesa, eles não são democratas, são golpistas", falou.

A petista também citou o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem acusou de ter "uma espécie de organização para cometer delitos". Segundo Dilma, ele continua "bem presente" no exercício de sua atividade, mesmo estando fora da Câmara. "É bom mesmo vocês falarem 'fora Cunha' hoje aqui", disse.

"Ele indicou não somente o atual líder do governo de Temer (o deputado André Moura, do PSC-SE) como também a maior parte dos ministros interinos", afirmou.

Pauta conservadora

A petista disse ainda que, por trás da aceitação do processo de impeachment, no Congresso há uma pauta "superconservadora" na questão dos direitos sociais e dos indivíduos, e "ultraliberal" na economia. "Criminalizaram os impostos de forma que pareça que a única alternativa para garantir reequilíbrio fiscal pé retirar direitos", avaliou, citando que o governo em exercício está reduzindo o programa Bolsa Família e ameaçando o Sistema Único de Saúde (SUS).

A presidente afastada afirmou que o País passa por um momento difícil, "de risco" e de "luta política aberta". Ela defendeu ainda que o País não está preparado para deixar o sistema presidencialista para passar ao parlamentarismo ou semiparlamentarismo, como defendem integrantes do PSDB e do PMDB.

No evento no RS, Dilma foi recebida com aplausos e gritos de "Fica, querida" e "Fora, Temer". Com capacidade para 570 pessoas, o auditório estava lotado. O ato começou com o músico gaúcho Nei Lisboa fazendo uma homenagem à presidente afastada. Numa das músicas, ele cantou o seguinte refrão: "Dilma já vai voltar/ Dilma, é fácil de ver/ Dilma, e fora Temer/ Dilma, fácil de amar." Enquanto isso, a petista distribuía acenos e sorrisos para a plateia. Ele dedicou a apresentação a Dilma: "Com muita honra, minha presidenta", disse.

Depois, alguns autores do livro falaram, entre eles o ex-governador do RS, Tarso Genro. Também estavam presentes políticos como o ex-governador Olívio Dutra, o ex-ministro Miguel Rossetto e os deputados federais petistas Paulo Pimenta e Maria do Rosário.

Dilma chegou a Porto Alegre na noite de quinta-feira, depois de passar o dia no Rio de Janeiro. Na manhã desta sexta, ela andou de bicicleta pela Orla do Guaíba, como costuma fazer quando está na cidade. Após o lançamento do livro na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a presidente afastada se dirigiu à Esquina Democrática, ponto no centro de Porto Alegre que é um tradicional palco de mobilizações populares. Ali, ela acompanhará uma manifestação contra o governo do presidente em exercício, Michel Temer, organizado pela Frente Brasil Popular.

Existe a possibilidade de que Dilma permaneça em Porto Alegre no fim de semana, ao lado da filha e dos netos, que moram na cidade.

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Porto Alegre - A presidente da República afastada, Dilma Rousseff , afirmou nessa sexta, 3, que o governo do presidente em exercício, Michel Temer, por ser "ilegítimo", tem uma "tendência incontrolável para o arbítrio e a repressão".

Segundo ela, um exemplo disso se deu na sessão da Comissão do Impeachment do Senado desta quinta-feira, 2.

"Nós entregamos minha defesa na quarta, e ontem ficou claro que a comissão teve uma atitude clara de tentar impedir que nós exerçamos o direito de defesa", disse em evento de lançamento estadual do livro "A Resistência ao Golpe de 2016", no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

"Por que isso? Porque eles percebem que a cada dia as dificuldades de legitimação, as dificuldades de justificativa para o golpe são muito fortes", acrescentou, destacando, como tem feito ultimamente, que o processo de impeachment em curso no Congresso não tem fundamentos, pois não houve crime de responsabilidade.

A defesa de Dilma recorreu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, contra medida que acelera o rito do processo de impeachment. A ação questiona a decisão do presidente da comissão processante no Senado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), de acatar questão de ordem da senadora Simone Tebet (PMDB-MS) que reduz o cronograma estabelecido pelo relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) em 20 dias.

De acordo com Dilma, o direito de defesa é um espaço de luta política aberta que faz parte da democracia. "Se eles são incapazes de garantir o direito de defesa, eles não são democratas, são golpistas", falou.

A petista também citou o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem acusou de ter "uma espécie de organização para cometer delitos". Segundo Dilma, ele continua "bem presente" no exercício de sua atividade, mesmo estando fora da Câmara. "É bom mesmo vocês falarem 'fora Cunha' hoje aqui", disse.

"Ele indicou não somente o atual líder do governo de Temer (o deputado André Moura, do PSC-SE) como também a maior parte dos ministros interinos", afirmou.

Pauta conservadora

A petista disse ainda que, por trás da aceitação do processo de impeachment, no Congresso há uma pauta "superconservadora" na questão dos direitos sociais e dos indivíduos, e "ultraliberal" na economia. "Criminalizaram os impostos de forma que pareça que a única alternativa para garantir reequilíbrio fiscal pé retirar direitos", avaliou, citando que o governo em exercício está reduzindo o programa Bolsa Família e ameaçando o Sistema Único de Saúde (SUS).

A presidente afastada afirmou que o País passa por um momento difícil, "de risco" e de "luta política aberta". Ela defendeu ainda que o País não está preparado para deixar o sistema presidencialista para passar ao parlamentarismo ou semiparlamentarismo, como defendem integrantes do PSDB e do PMDB.

No evento no RS, Dilma foi recebida com aplausos e gritos de "Fica, querida" e "Fora, Temer". Com capacidade para 570 pessoas, o auditório estava lotado. O ato começou com o músico gaúcho Nei Lisboa fazendo uma homenagem à presidente afastada. Numa das músicas, ele cantou o seguinte refrão: "Dilma já vai voltar/ Dilma, é fácil de ver/ Dilma, e fora Temer/ Dilma, fácil de amar." Enquanto isso, a petista distribuía acenos e sorrisos para a plateia. Ele dedicou a apresentação a Dilma: "Com muita honra, minha presidenta", disse.

Depois, alguns autores do livro falaram, entre eles o ex-governador do RS, Tarso Genro. Também estavam presentes políticos como o ex-governador Olívio Dutra, o ex-ministro Miguel Rossetto e os deputados federais petistas Paulo Pimenta e Maria do Rosário.

Dilma chegou a Porto Alegre na noite de quinta-feira, depois de passar o dia no Rio de Janeiro. Na manhã desta sexta, ela andou de bicicleta pela Orla do Guaíba, como costuma fazer quando está na cidade. Após o lançamento do livro na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a presidente afastada se dirigiu à Esquina Democrática, ponto no centro de Porto Alegre que é um tradicional palco de mobilizações populares. Ali, ela acompanhará uma manifestação contra o governo do presidente em exercício, Michel Temer, organizado pela Frente Brasil Popular.

Existe a possibilidade de que Dilma permaneça em Porto Alegre no fim de semana, ao lado da filha e dos netos, que moram na cidade.

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