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Governo confirma exoneração do ministro Gustavo Bebianno

Segundo porta-voz, decisão foi de "foro íntimo" do presidente Jair Bolsonaro; General Floriano Peixoto assume a pasta, que não passará por mudanças

Gustavo Bebianno (Valter Campanato/Agência Brasil)

Gustavo Bebianno (Valter Campanato/Agência Brasil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 18h29.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2019 às 22h20.

São Paulo - Depois de quase uma semana de idas, vindas e bate-bocas virtuais, o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) deixou oficialmente o alto escalão e se tornou a primeira queda ministerial do governo de Jair Bolsonaro.

A exoneração foi comunicada no final da tarde desta segunda-feira (18) pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.

Ele classificou a decisão como de "foro íntimo" do presidente, que em nota agradece a dedicação de Bebianno à frente da pasta e deseja "sucesso na nova caminhada".

Atual número dois da pasta, o general Floriano Peixoto assume de forma definitiva o ministério, que não passará por mudanças em sua estrutura.

A demissão de Bebianno não estava assinada previamente, segundo o porta-voz, apesar da especulação de que a decisão já havia sido tomada desde uma reunião na sexta-feira entre Bebianno e o presidente.

Horas antes, o ministro teria sido informado por outro ministro (Ônix Lorenzoni, da Casa Civil), de que seria mantido no governo.

A mudança de rumos teria ocorrido, segundo a TV Record, devido ao vazamento de conversas do presidente com Bebianno.

O ministro despachava no Planalto e foi coordenador da campanha do presidente. Ele estava na corda bamba desde o último domingo, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou um esquema envolvendo candidaturas laranjas no PSL no período em que o ministro comandava a legenda.

Questionado em entrevista ao Jornal O Globo sobre se estava preocupado sua permanência no cargo, Bebianno respondeu que tinha conversado com o presidente em três momentos na última terça-feira (12).

No Twitter, Carlos Bolsonaro disse que a versão era “uma mentira absoluta” e, em seguida, postou um áudio de uma conversa do presidente com seu ministro. O teor das críticas foi reforçado pelo presidente, que chegou a chamar Bebianno de mentiroso.

O caso gerou reações do alto escalão do governo, dos militares e até do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que defenderam a permanência do ministro.

Ao longo do fim de semana, Bebianno lançou algumas alfinetadas contra o presidente. Segundo o jornalista Gerson Camarotti, da GloboNews, ele teria dito a um aliado que devia desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. No dia anterior, postou uma mensagem sobre lealdade em sua conta no Instagram e questionou o fato de o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio,  permanecer no cargo.

No início do mês, Álvaro Antônio foi alvo de suspeitas sobre uso de candidaturas laranjas em Minas Gerais em 2017. Na época, o ministro do Turismo era presidente do Diretório Estadual.

O que pesa contra Bebianno

Desde o último domingo, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou um esquema envolvendo candidaturas laranjas no PSL, o futuro do ministro no governo estava incerto.

Bebianno era o presidente do partido na época dos repasses. As suspeitas recaem principalmente em uma candidata de Pernambuco que recebeu do partido 400 mil reais de dinheiro público.

Maria de Lourdes Paixão, 68 anos, virou candidata de última hora para preencher vaga remanescente de cota feminina. Ela gastou 95% do dinheiro em uma única gráfica para a confecção de 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos.

Há, ainda uma segunda suspeita que recai sob Bebianno. Ele liberou, também durante o período eleitora, 250 mil reais de verba pública, para a campanha de uma ex-assessora Érika Siqueira.

Ela repassou parte do dinheiro para a mesma gráfica usada por Maria de Lourdes, que não tem maquinário para impressões em massa.

Uma outra reportagem da Folha, mostra que a empresa pertence a um membro do diretório estadual do PSL em Pernambuco e recebeu, ao todo, R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário.

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