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Governo atualiza contagem de mortos em presídio de Manaus para 56

Os cinquenta e seis presos foram mortos, decapitados, esquartejados e carbonizados após uma guerra entre facções criminosas no Compaj

Manaus: treze funcionários e 70 detentos foram feitos reféns e depois liberados, parte com ferimentos (Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas/Divulgação)

Manaus: treze funcionários e 70 detentos foram feitos reféns e depois liberados, parte com ferimentos (Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 20h46.

São Paulo - A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas divulgou uma revisão no início da noite desta segunda-feira, 2, do número total de mortos no massacre do presídio em Manaus. Segundo o órgão, foram 56 mortes, e não 60, como havia sido informado no final da manhã.

Os cinquenta e seis presos foram mortos, decapitados, esquartejados e carbonizados após uma guerra entre facções criminosas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.

A ação do grupo Família Do Norte (FDN), ligado ao Comando Vermelho (CV), do Rio, contra membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), com liderança em São Paulo, começou na tarde de domingo e durou 15 horas.

Treze funcionários e 70 detentos foram feitos reféns e depois liberados, parte com ferimentos. É a maior matança em presídios do País, após o Massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos.

De acordo com o juiz da Vara de Execução Penal do Estado, Luís Carlos Valois, os presos confinados no regime fechado abriram o acesso ao espaço destinado ao semiaberto.

"Quando cheguei, já estavam todos mortos. Eles mesmos tiraram os corpos de dentro da penitenciária, antes de entregarem os reféns. Tinha um contêiner cheio de braços e pernas. Um horror", afirmou.

O Compaj mantinha 1.229 internos, mas tem capacidade para 454 detentos. "Tinha cela para cinco pessoas com mais de 30", disse o juiz.

A Polícia Federal monitora a FDN desde 2015, na Operação La Muralla. Segundo investigadores ouvidos pela reportagem, o massacre tem relação com a saída de vários líderes do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Cerca de 17 líderes da facção, entre eles José Roberto Barbosa e Alan Castimário, haviam sido encaminhados para presídios federais e outros, como Márcio Ramagem, conhecido como Garrote, para o RDD.

De acordo com um investigador, as lideranças começaram a sair do RDD e passaram a organizar a retaliação aos detentos de outras facções.

O secretário de Segurança do Amazonas, Sérgio Fontes, atribuiu a disputa das facções ao narcotráfico.

"Esse é mais um capítulo da guerra silenciosa que o narcotráfico jogou esse País. Nós sempre soubemos que o Brasil está numa guerra impiedosa. Vivenciamos ontem mais um capítulo", disse.

Segundo o analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Guaracy Mingardi, a guerra entre facções dentro dos presídios "tem raízes bem antigas no sistema prisional brasileiro" e é consequência da omissão do Estado.

"Sempre foi assim, não começou com o PCC. O Estado se limita a cercar e manter os presos lá dentro, mas não tem controle nenhum interno."

Ele acredita que a matança em Manaus seja resultado do acirramento de uma disputa territorial entre o PCC e o CV. "O PCC se espalhou pelo País como estratégia de poder, mas encontrou resistência em alguns Estados, onde as facções regionais são aliadas do CV. Essa disputa se acirrou há dois meses."

Fuga

No mesmo momento em que acontecia o massacre no Compaj, 87 detentos fugiram do Instituto Penal Antonio Trindade (Ipat), perto dali. Até a noite de ontem, 40 homens haviam sido recapturados.

No início desta noite, presos do Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), também próximo do Compaj, tentaram fugir.

O IML de Manaus vai receber um contêiner frigorífico para auxiliar na necropsia. Os trabalhos devem ser concluídos em cinco dias.

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