O prefeito do Rio, Eduardo Paes: Garotinho acusa a família de Paes de ter criado "empresas laranjas" e "fantasmas" no valor de R$ 19 milhões (Fábio Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 18h44.
Rio - A revelação de que a família do prefeito Eduardo Paes (PMDB) é dona de duas empresas no Panamá que têm, juntas, capital de US$ 8 milhões (R$ 19 milhões) abriu uma guerra entre o peemedebista e o ex-governador e deputado Anthony Garotinho (PR-RJ).
Pré-candidato ao governo do Rio, Garotinho reproduziu em seu blog reportagem do site Brasil 247 sobre as empresas Conval Corporation e Vitznau International Corporation, criadas, respectivamente, nos dias 12 e 19 de junho de 2008, com sede no Panamá, e que pertenceriam ao pai, à mãe e à irmã do prefeito, Valmar Souza Paes, Consuelo Costa Paes e Letícia Costa Paes.
Garotinho acusa a família de Paes de ter criado "empresas laranjas" e "fantasmas".
Segundo documentos divulgados pelo site e por Garotinho, a Conval e a Vitznau foram constituídas e têm como sócio o panamenho Jose Eugenio Silva Ritter, presidente da empresa Truston International Inc., sócia majoritária e administradora do Hotel St. Peter, em Brasília. Reportagem do "Jornal Nacional", da TV Globo, revelou, na última terça-feira, que Jose Eugenio Ritter mora em um bairro pobre da Cidade do Panamá e seria "laranja" da Truston.
O St. Peter ganhou notoriedade na semana passada, quando o ex-ministro José Dirceu pediu à Justiça autorização para trabalhar como gerente geral do hotel, o que garantiria o regime semiaberto ao petista, condenado no processo do mensalão e preso na Penitenciária da Papuda. Anteontem, Dirceu desistiu do emprego, que lhe renderia um salário de R$ 20 mil mensais.
Segundo a reportagem do "Jornal Nacional", Ritter é sócio de mais de mil empresas no Panamá. Os documentos de criação das duas empresas da família do prefeito Eduardo Paes foram elaborados pelo escritório de advocacia Morgan y Morgan, onde Ritter trabalha como auxiliar administrativo. Os papéis especificam que as empresas podem atuar em qualquer país e receber honorários para prestação de "assistência técnica e comercial".
Garotinho denunciou que chamou de "gangue do chapéu Panamá".
"Paes e sua família vão ter que explicar a origem dos US$ 8 milhões usados para abrir duas empresas no Panamá no espaço de uma semana. Será que ganharam na loteria por duas semanas consecutivas? E por que esconder o dinheiro num paraíso fiscal, no Panamá? Esse dinheiro está declarado? Isso e muito mais vai ter que ser explicado aos órgãos competentes", disse Garotinho em seu blog. O deputado discursou no plenário da Câmara, na tarde de quinta-feira, e pediu "atenção das autoridades policiais brasileiras".
Paes reagiu à ação do adversário. Disse que o pai "é um advogado muito bem sucedido, ao contrário da família Garotinho, que enriqueceu na política".
"Não há nada de irregular no fato de o meu pai ter uma empresa no exterior. Ele é um advogado bem sucedido, com carreira internacional. A empresa é totalmente legal, está registrada no Banco Central e foi devidamente declarada em seu imposto de renda desde sua criação", afirmou Paes, em nota divulgada pela assessoria de imprensa. O advogado Valmar Souza Paes não foi localizado ontem em seu escritório pelo Estado.