Doria e Alckmin: Mesmo com os esforços de renovação, o futuro do PSDB continua incerto. (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2019 às 07h18.
Última atualização em 3 de maio de 2019 às 08h06.
Depois de ter amargado o pior desempenho eleitoral da história do partido nas últimas eleições de 2018, o PSDB inicia, nesta sexta-feira, 3, mais uma rodada de convenções em busca da renovação da legenda. Entre hoje e a próxima segunda-feira, os tucanos se reúnem para escolher as novas lideranças estaduais do partido, o que irá antecipar a convenção nacional, marcada para dia 31, onde o atual presidente do partido e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, derrotado com 4,77% dos votos nas últimas eleições presidenciais, será substituído por um novo rosto no comando da legenda.
No próximo domingo, 5, será a vez de São Paulo, maior reduto tucano do país ㅡ governado pelo partido há cerca de 30 anos ㅡ, ganhar um novo líder local para a sigla. Com o aval do governador do estado, João Doria, o escolhido para ocupar a função de líder regional será Marco Vinholi, atual secretário de desenvolvimento regional do estado e hoje um dos nomes mais influentes do PSDB.
São Paulo é um dos redutos mais importantes para entender o futuro do partido, cercado de incertezas após as derrotas nas últimas eleições. O PSDB foi de terceira maior bancada da Câmara para somente a nona, perdendo 25 deputados. Enquanto isso, a pífia votação de Alckmin nas eleições presidenciais fez com que João Doria, eleito governador de São Paulo, ganhasse força na disputa interna e chegasse a tentar expulsar nomes como o ex-vice-governador paulista Alberto Goldman (aliado de Alckmin).
Agora, na nova era do PSDB comandada por Doria e seus aliados, é cogitada até mesmo uma completa reestruturação do PSDB atual, o que poderia incluir, entre outras coisas, uma mudança de nome. Cada vez mais próximo das lideranças políticas do DEM, no último domingo, durante a convenção estadual do partido (que adotou a vice-governador paulista, Rodrigo Garcia, como presidente da sigla no estado), Doria chegou a defender uma fusão entre o DEM e o PSDB, afirmando que o processo eleitoral de 2020, em que a legislação proibirá coligações, vai exigir “partidos fortes”. De olho em tornar-se candidato psdbista à Presidência em 2022, Doria também encomendou uma pesquisa com o objetivo entender o motivo da perda de força política do PSDB ao redor do Brasil, além de sugerir uma “faxina ética” no partido.
Quando o próprio Doria venceu as eleições para a prefeitura de São Paulo em 2016 contra Fernando Haddad (PT) ainda no primeiro turno e o PSDB paulista ganhou redutos antes inteiramente petistas (como o “cinturão vermelho” na região do ABC paulista), o PSDB acreditava que, num cenário pós-impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), sua vida estava acertada. Muito mudou desde então. Com a ascensão da direita capitaneada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), Doria quer garantir que o PSDB surfe nessa onda e se distancie de suas raízes de social-democracia e decisões de centro. O fato é que, ao contrário do que se previa em 2016, o partido chega a novas eleições municipais no ano que vem com o futuro mais do que incerto.