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‘Fui um burocrata do DOI-Codi’, afirma delegado

Apontado por testemunhas como torturador de presos políticos durante a ditadura, Aparecido Laerte Calandra negou todas as acusações contra ele

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 08h58.

São Paulo - O delegado aposentado da Polícia Civil Aparecido Laerte Calandra, apontado por testemunhas como torturador de presos políticos durante a ditadura militar , negou todas as acusações contra ele em depoimento prestado nesta quinta-feira. 12, à Comissão Nacional da Verdade e disse ter sido "um burocrata" do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).

Calandra, conhecido na época pelas testemunhas como "Capitão Ubirajara", atuou por quase dez anos no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo, onde militantes de esquerda foram presos e torturados.

"Nunca violei os direitos humanos, nunca torturei", afirmou Calandra ao prestar esclarecimentos à comissão, ontem, no gabinete da Presidência da República em São Paulo, na Avenida Paulista.

A avaliação dos integrantes do colegiado é de que Calandra se afundou em contradições ao longo do depoimento. Ele chegou a negar ter trabalhado no DOI-Codi, mas foi obrigado a se corrigir depois que o coordenador da comissão, Pedro Dallari, apresentou um documento no qual o II Exército elogiava a atuação de Calandra "pelas diversas atividades de combate à subversão e ao terrorismo".

Ao ver o documento, Calandra admitiu que foi "um burocrata do DOI-Codi" - e afirmou, em seguida, que nunca ouviu gritos nem queixas dos vizinhos ao local onde trabalhava.

"O depoimento (de Calandra) foi muito pouco crível. As evidências são robustas contra ele", disse Dallari. Outro integrante da comissão, o advogado José Carlos Dias, afirmou que o depoimento de Calandra foi "uma desfaçatez". "Várias pessoas vieram contar os horrores que passaram. E ele nega tudo isso. É impossível. É uma desfaçatez", disse o advogado.


Num segundo momento, questionado pela comissão sobre o jornalista Vladimir Herzog, morto por torturadores da ditadura militar nas dependências do DOI-Codi em 1975, Calandra voltou a se contradizer.

Negou saber que Herzog fora detido no DOI-Codi, mas recuou depois de a comissão apresentar ao ex-delegado um pedido de sua autoria solicitando perícia da morte de Herzog. Calandra confirmou ser o autor do pedido, mas disse que não tinha conhecimento das circunstâncias da morte do jornalista.

Questionado, ao final, sobre o que tinha ouvido das testemunhas, Calandra afirmou que "dorme muito bem". Em resposta, ouviu dos poucos ex-presos políticos que acompanhavam a sessão gritos de "assassino mentiroso" e "torturador".

Torturados.

Antes de colher o depoimento do ex-delegado, a Comissão ouviu relatos de sete pessoas que afirmaram ser vítimas de torturas praticadas por Calandra. Uma delas foi a advogada aposentada Darci Toshiko Miyaki.

Ela disse que ficou estéril após passar pelas torturas praticadas pelo delegado. Segundo ela, o ex-delegado dava choques elétricos dentro de sua vagina. "Ele enfiava o dedo para colocar os fios e praticava pessoalmente os choques", relatou a advogada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - O delegado aposentado da Polícia Civil Aparecido Laerte Calandra, apontado por testemunhas como torturador de presos políticos durante a ditadura militar , negou todas as acusações contra ele em depoimento prestado nesta quinta-feira. 12, à Comissão Nacional da Verdade e disse ter sido "um burocrata" do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).

Calandra, conhecido na época pelas testemunhas como "Capitão Ubirajara", atuou por quase dez anos no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo, onde militantes de esquerda foram presos e torturados.

"Nunca violei os direitos humanos, nunca torturei", afirmou Calandra ao prestar esclarecimentos à comissão, ontem, no gabinete da Presidência da República em São Paulo, na Avenida Paulista.

A avaliação dos integrantes do colegiado é de que Calandra se afundou em contradições ao longo do depoimento. Ele chegou a negar ter trabalhado no DOI-Codi, mas foi obrigado a se corrigir depois que o coordenador da comissão, Pedro Dallari, apresentou um documento no qual o II Exército elogiava a atuação de Calandra "pelas diversas atividades de combate à subversão e ao terrorismo".

Ao ver o documento, Calandra admitiu que foi "um burocrata do DOI-Codi" - e afirmou, em seguida, que nunca ouviu gritos nem queixas dos vizinhos ao local onde trabalhava.

"O depoimento (de Calandra) foi muito pouco crível. As evidências são robustas contra ele", disse Dallari. Outro integrante da comissão, o advogado José Carlos Dias, afirmou que o depoimento de Calandra foi "uma desfaçatez". "Várias pessoas vieram contar os horrores que passaram. E ele nega tudo isso. É impossível. É uma desfaçatez", disse o advogado.


Num segundo momento, questionado pela comissão sobre o jornalista Vladimir Herzog, morto por torturadores da ditadura militar nas dependências do DOI-Codi em 1975, Calandra voltou a se contradizer.

Negou saber que Herzog fora detido no DOI-Codi, mas recuou depois de a comissão apresentar ao ex-delegado um pedido de sua autoria solicitando perícia da morte de Herzog. Calandra confirmou ser o autor do pedido, mas disse que não tinha conhecimento das circunstâncias da morte do jornalista.

Questionado, ao final, sobre o que tinha ouvido das testemunhas, Calandra afirmou que "dorme muito bem". Em resposta, ouviu dos poucos ex-presos políticos que acompanhavam a sessão gritos de "assassino mentiroso" e "torturador".

Torturados.

Antes de colher o depoimento do ex-delegado, a Comissão ouviu relatos de sete pessoas que afirmaram ser vítimas de torturas praticadas por Calandra. Uma delas foi a advogada aposentada Darci Toshiko Miyaki.

Ela disse que ficou estéril após passar pelas torturas praticadas pelo delegado. Segundo ela, o ex-delegado dava choques elétricos dentro de sua vagina. "Ele enfiava o dedo para colocar os fios e praticava pessoalmente os choques", relatou a advogada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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