Brasil

Fraga diz que Tombini é seguro e terá autonomia

Para Armínio Fraga, seria “suicídio político” para o governo tirar a autonomia do BC ou descuidar do controle da inflação

Fraga elogiou a intenção do governo de reduzir a dívida pública para 30 por cento do Produto Interno Bruto (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

Fraga elogiou a intenção do governo de reduzir a dívida pública para 30 por cento do Produto Interno Bruto (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2011 às 18h44.

Alexandre Tombini tem qualidades para presidir o Banco Central e terá autonomia para trabalhar, disse o ex-presidente da autoridade monetária e sócio-fundador da Gávea Investimentos Ltda., Arminio Fraga.

“Tombini vai ter todas as condições para trabalhar, como eu tive, como Meirelles teve”, disse Fraga em entrevista hoje no Rio, antes da apresentação da nova equipe econômica em Brasília. “É um profissional de mão cheia, muito experiente e seguro.”

De acordo com Fraga, seria “suicídio político” para o governo tirar a autonomia do BC ou descuidar do controle da inflação. Ele defendeu a redução das metas de inflação para anos futuros, não em 2011. Segundo ele, seria possível baixar a meta para 4 por cento. Atualmente, ela é de 4,5 por cento ao ano.

“Teria impacto altamente positivo”, disse Fraga.

Tombini chefiava o departamento de pesquisa do BC quando Fraga era presidente da autoridade monetária e trabalhou na criação do sistema de metas de inflação. Fraga comandou o BC entre 1999 e 2002.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo acumula alta de 5,2 por cento nos 12 meses até outubro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Dívida

Fraga elogiou a intenção do governo de reduzir a dívida pública para 30 por cento do Produto Interno Bruto e disse que é preciso entender como isso seria obtido.

“Isso é música para os ouvidos”, disse Fraga, citando que a presidente eleita Dilma Rousseff teria declarado a intenção de reduzir a relação dívida/PIB para 30 por cento. “Precisa entender melhor como vai conseguir esse objetivo.”

A dívida líquida do setor público atingiu 41 por cento do PIB em setembro, de acordo com o BC. No mesmo período, a dívida bruta ficou em 59,6 por cento do PIB, segundo a autoridade monetária.

Fraga disse ter um “otimismo condicional” com o Brasil e contou que aplicou nos fundos da Gávea todo o dinheiro que ganhou na venda de participação da administradora de recursos para o JPMorgan Chase & Co, acertada em outubro.

Mantega

Falando antes da entrevista coletiva da nova equipe econômica, Fraga disse que “não está claro” se a manutenção de Guido Mantega como ministro da Fazenda e a eventual confirmação de Luciano Coutinho como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social significariam continuidade da política fiscal.

“Nos últimos vários trimestres, as políticas fiscal e creditícia foram expansionistas”, disse. “Foi um obstáculo a uma queda maior da taxa de juros.”

Fraga lembrou que tanto Mantega quanto Coutinho deram declarações públicas no sentido de que o governo prepara medidas de incentivo ao financiamento privado de longo prazo, para que o BNDES possa diminuir proporcionalmente sua participação nessa função. Fraga apoia o sentido da iniciativa do governo.

“Reduzir o papel do BNDES seria relativamente fácil se a taxa de juros cair”, disse Fraga. “Dar mais espaço para a política monetária, significa tirar o pé do acelerador das políticas fiscal e de crédito.”

Acompanhe tudo sobre:Alexandre TombiniArmínio FragaBanco CentralBanqueirosEconomistasGávea InvestimentosGoverno Dilmagrandes-investidoresMercado financeiroPersonalidades

Mais de Brasil

Avião cai no centro Gramado, na Serra Gaúcha, e não deixa sobreviventes

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'