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Fórum debate revoluções necessárias para tornar o Brasil um país desenvolvido

Especialista afirma que o governo federal terá de fazer uma agenda de reformas, que foi abandonada há anos

Brasil precisa fazer reformas para chegar ao desenvolvimento (Arquivo/Exame/EXAME.com)

Brasil precisa fazer reformas para chegar ao desenvolvimento (Arquivo/Exame/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 07h23.

Rio de Janeiro - O Brasil precisa fazer mudanças ou revoluções para sair da condição de país subdesenvolvido e alcançar o status de nação desenvolvida, disse o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.

Esse é o tema central do Fórum Especial que o Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) - do qual Velloso é o  superintendente - promove hoje (10) e amanhã, na sede  do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. 

Em entrevista à Agência Brasil, Reis Velloso afirmou que o governo federal terá de fazer uma agenda de reformas, que foi abandonada há alguns anos”. Essas transformações deverão ser promovidas no âmbito do próprio governo, da sociedade, da área política. “O grande problema do Brasil não é econômico. É político”, acrescentou. 

Para o ex-ministro, o governo  terá de “administrar a capacidade de ser um bom governo, como dizia Aristóteles [filósofo grego]”. Isso significa ter capacidade de resolver os problemas do país e desenvolver capacidades, para aproveitar as oportunidades que se abrem no mundo em vários campos, explicou.

Em relação à sociedade, Velloso recomendou que ela deve ser ativa e moderna. “Que monitore o governo, reclame, se manifeste, xingue e puna por meio do voto. Tudo convergindo para o aproveitamento das oportunidades”.

Durante o Fórum Especial, que integra o Fórum Nacional do Inae, cuja 22ª edição ocorreu em maio passado, serão discutidas 12 grandes oportunidades para o Brasil. Velloso disse que a exploração do petróleo na camada do pré-sal é apenas uma dessas oportunidades. “Não é a salvação da lavoura. Há coisas tão ou mais importantes do que o pré-sal”, avaliou.

Ele citou como exemplo a biotecnologia, que é a base da biodiversidade. “O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo e usa apenas 1%. O país se dá ao luxo de não utilizar a biotecnologia, que é uma das grandes tecnologias do século 21”.

Outra grande oportunidade diz respeito à área ligada às tecnologias da informação e comunicação (TICs). Velloso lembrou que o Brasil exporta em torno de US$ 3 bilhões por ano de softwares (programas de computador). “É mais criativo do que a Índia, mas a Índia exporta US$ 25 bilhões por ano”, observou. Segundo ele, isso mostra como o país está desperdiçando uma oportunidade.

O ex-ministro concordou que a expansão da educação é importante nesse processo, porque constitui uma das bases do modelo de desenvolvimento brasileiro. Salientou, contudo, que o grande problema da educação no Brasil não é a quantidade de anos de estudo, mas a qualidade. De acordo com Velloso, 50% dos alunos da 4ª série são analfabetos funcionais. “Quando a educação brasileira se massificou, ela ficou de qualidade ruim, principalmente o ensino fundamental”.

Ele reconheceu também a necessidade de que o brasileiro estude mais. “Não tem sentido dizer que o Brasil gasta pouco em educação. O Brasil gasta muito em educação. Só que gasta mal”. Reis Velloso afirmou que esse problema se estende a toda a área social. “Desde o 1º Fórum Nacional, nós dizemos que o Brasil gasta muito na área social, mas é um desperdício monumental. Não há prioridades bem definidas”, acrescentou.

O Fórum Especial será aberto pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e contará com a participação de empresários, autoridades governamentais e acadêmicos. Na sessão de encerramento, será realizada uma mesa-redonda que abordará as oportunidades para todos. 

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