Fonte do PT: Lula não vai se entregar antes de decisão de habeas corpus
O juiz Sérgio Moro deu prazo até às 17h desta sexta-feira para o petista se apresentar para cumprir prisão no caso do tríplex no Guarujá
Reuters
Publicado em 6 de abril de 2018 às 10h03.
Última atualização em 6 de abril de 2018 às 10h43.
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que não se apresentará às autoridades, ao menos até que haja uma decisão sobre um pedido de habeas corpus feito por sua defesa, após o juiz Sérgio Moro determinar sua prisão no caso do tríplex no Guarujá, disse uma fonte ligada ao PT nesta sexta-feira.
Lula deve permanecer no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde passou a noite acompanhado por aliados e simpatizantes.
Mais cedo, advogados do ex-presidente apresentaram pedido de habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para evitar que ele seja preso até o final da tarde desta sexta-feira, como determinou Moro, informou a defesa do petista por meio da assessoria de imprensa.
O pedido de habeas corpus argumenta que ainda existem recursos a serem apresentados junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e que, por isso, Moro não poderia determinar o início do cumprimento da pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso sobre o tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.
O pedido de habeas corpus deverá ser analisado pelo ministro Félix Fischer, relator dos casos envolvendo a operação Lava Jato no STJ. Fischer é membro da 5ª Turma do STJ, que recentemente negou por unanimidade pedido de habeas corpus preventivo da defesa de Lula.
Na quinta-feira, Moro determinou que Lula se apresente em Curitiba até as 17h desta sexta para começar a cumprir a pena. Ele também vetou que o ex-presidente seja algemado e que uma sala seja reservada na Superintendência da Polícia Federal no Paraná para Lula.
Existe ainda a possibilidade de Lula se apresentar à superintendência da PF em São Paulo, localizada na zona oeste da capital paulista, e ser posteriormente levado à capital paranaense. Em sua decisão, Moro determinou que os advogados de Lula negociem os termos de sua apresentação com a PF no Paraná.
O petista, que passou a maior parte da quinta-feira reunido com aliados na sede do Instituto Lula na zona sul de São Paulo, foi para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC após a expedição do mandado de prisão por Moro. Ainda na noite de quinta, um grande ato de apoio ao petista foi realizado em frente ao sindicato, mas Lula não discursou.
A quantidade de pessoas em frente ao sindicato diminuiu durante a madrugada, mas voltou a crescer pela manhã.
"Hoje estamos sob um golpe judiciário, um golpe midiático, e a gente tenta resistir. Não existe só um Lula. Tem muitos Lulas aqui. Somos milhões de Lulas", disse Cassio Gonçalves, técnico em segurança do trabalho, um dos simpatizantes de Lula que estava na região do sindicato.
O petista é acusado de receber o imóvel como propina paga pela empreiteira OAS em troca de contratos na Petrobras.
Ele nega ser dono do tríplex, assim como quaisquer irregularidades. Lula, que é réu em outros seis processos, afirma ser alvo de uma perseguição política promovida por setores do Ministério Público, do Judiciário e da Polícia Federal com o objetivo de impedi-lo de ser candidato.