Brasil

FMI: aumento dos juros foi decisão acertada do BC

"Agora a trajetória futura das taxas de juros é de queda", disse o diretor-geral do fundo

Tombini, presidente do BC: diretor do FMI também elogiou alta nos investimentos do Brasil (Valter Campanato/ABr)

Tombini, presidente do BC: diretor do FMI também elogiou alta nos investimentos do Brasil (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2011 às 12h15.

Brasília - O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Murilo Portugal - terceiro cargo mais importante da instituição -, considerou acertada a decisão do Banco Central de elevar os juros para controlar a inflação, medida que não altera a trajetória futura de queda das taxas do país. Ele faz apenas o alerta de que é necessário elevar a poupança interna para depender um pouco menos da poupança externa no processo de financiamento do investimento.

“A inflação estava acelerando e era isso que tinha que fazer. Agora a trajetória futura das taxas de juros é de queda”, disse Portugal, por telefone, da sede do FMI em Washington (EUA), à Agência Brasil.

Ele afirmou ainda que os bons fundamentos econômicos do país vêm contribuindo para a redução gradual das taxas de juros nos últimos anos. Lembrou que o Banco Central chegou a operar com taxas reais de 20% ao ano.

A iniciativa da presidenta Dilma Rousseff de elevar o atual patamar de investimento, equivalente a 19% do Produto Interno Bruto (PIB), para 24% até 2014 é vista por Murilo Portugal como uma estratégia importante para garantir o crescimento da economia com distribuição de renda. Isso deve ser feito dentro de um processo de redução da inflação e com a implementação de reformas estruturais que possam melhorar ainda mais a competitividade da economia.

”É importante o Brasil elevar o investimento, para isso tem que aumentar a poupança interna, sem precisar recorrer muito à poupança externa”, disse ele. A poupança interna é tudo que não é consumido na esfera pública e pelo setor privado. Atualmente o governo gasta mais do que arrecada e se financia com poupança do setor privado. Ao fazer um controle maior de seus gastos, o governo ajuda a formar uma poupança para financiar os investimentos de obras públicas e libera os recursos que usa na rolagem dos papéis do Tesouro Nacional para o setor privado investir em novos empreendimentos.

O Brasil, por outro lado, está tendo grande oportunidade pelo papel que vem ocupando no cenário mundial. A atual política cambial, reafirmada pelo governo de Dilma Rousseff, é uma conquista. Para Portugal, a valorização do real é resultante do conjunto das medidas da política de estabilização da economia brasileira.

“Se o câmbio estiver mais desvalorizado, estimula ainda mais a captação de recursos de investimento direto”, disse o diretor, que nos últimos anos acompanhou o comportamento da economia de 81 países pelo FMI. Ele reconheceu que alguns setores podem estar passando por dificuldade devido à valorização do real diante das demais moedas, mas lembrou que isso é reflexo do bom momento da economia do país. Com uma desvalorização do real pode ficar mais atrativo para o capital estrangeiro investir em novos setores produtivos.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEstatísticasFMIIndicadores econômicosMercado financeiroSelic

Mais de Brasil

Inovação da indústria demanda 'transformação cultural' para atrair talentos, diz Jorge Cerezo

Reforma tributária não resolve problema fiscal, afirma presidente da Refina Brasil

Plano golpista no Planalto previa armas de guerra

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski