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Filhos ficam obesos por não descascar "com as mães", diz ministro

Ministro da Saúde se envolveu em mais uma polêmica do governo relacionada ao papel das mulheres na sociedade

Ricardo Barros: "muitas delas não ficam em casa com as mães e não têm oportunidade de aprender a descascar os alimentos" (Elza Fiuza/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2017 às 09h50.

Brasília - Uma semana depois de o presidente Michel Temer ser duramente criticado por seu discurso no Dia Internacional das Mulheres, em que disse ter "convicção do que a mulher faz pela casa", foia vez de seu ministro da Saúde , Ricardo Barros, provocar polêmica sobre o mesmo tema.

Ao fazer o anúncio sobre um plano de metas para reduzir a obesidade no País, Barros associou o problema ao fato de crianças "não terem a oportunidade de aprender a descascar alimentos" com suas mães.

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"É preciso qualificar essas crianças para manipular os alimentos. Muitas delas não ficam em casa com as mães e não têm oportunidade de aprender a descascar os alimentos", disse.

Em nenhum momento ele faz referência à figura paterna. "É preciso descascar mais e desembalar menos."

Em sua fala, o ministro afirmou ainda que, como as mães não ficam em casa, crianças não têm oportunidade de acompanhá-las nas tarefas diárias, como ocorria no passado.

As declarações foram dadas no momento em que o ministro justificava uma parceria com o Ministério da Educação para ensinar hábitos saudáveis para crianças e incentivar o consumo de alimentos in natura em substituição aos processados.

Não é a primeira vez que Barros comete esse tipo de gafe. Em agosto, o ministro afirmou que homens vão menos ao médico porque trabalham mais.

Na época, as declarações arrancaram críticas até de sua filha, Maria Victoria Barros. "Trabalhamos 5 horas a mais na semana que os homens", reagiua filha.

O plano do Ministério da Saúde apresentado tem três metas, a serem alcançadas até 2019: deter o crescimento da obesidade até 2019, reduzir o consumo regular de refrigerantes e de suco artificial em pelo menos 30% e ampliar para no mínimo em 17% o porcentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente.

O programa é uma forma de apoio do ministério à agenda de nutrição adotada pela Organização das Nações Unidas, para assegurar o acesso universal a dietas mais saudáveis e sustentáveis até 2025.

Ao anunciar as medidas, no entanto, o ministro não disse como elas serão alcançadas. Citou parceria já existente com o Ministério da Educação para o programa de Saúde na Escola e o projeto de que, nessas atividades, sejam incluídas noções sobre como preparar alimentos.

Afirmou ainda que aplicativos serão lançados para auxiliar a população a controlar o consumo de alimentos e incentivar a prática de exercícios.

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