De cima, vê-se uma enorme área verde, às margens do Rodoanel Mario Covas, em Osasco, apinhada de pontinhos por todos os lados. Cada pontinho corresponde a um barraco (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2014 às 09h45.
São Paulo - De cima, vê-se uma enorme área verde, às margens do Rodoanel Mario Covas, em Osasco, apinhada de pontinhos por todos os lados. Cada pontinho corresponde a um barraco. Motoristas que atravessam a rodovia se espantam. Três meses atrás, não havia nada ali. Como uma favela apareceu, assim, do dia para a noite? Os moradores da invasão já têm até adjetivo pátrio. São mandelenses: da Comunidade Nelson Mandela.
O terreno, uma propriedade privada de dimensões desconhecidas, começou a ser invadido em 14 de janeiro - 29 dias após o enterro do líder sul-africano Nelson Mandela em Qunu. Até então, os novos moradores eram poucos, vindos da periferia de Osasco e de cidades como Barueri e Carapicuíba, na Grande São Paulo. Capinaram o mato, improvisaram cercas e, em dois ou três dias, os barracos estavam prontos.
Duas semanas depois, o número saltou para 500 casinhas de madeira. Hoje, os moradores falam em 7 mil habitações, espalhadas de cima a baixo no morro, boa parte delas ainda sem energia elétrica. Há também bares e vendas no terreno. A todo instante, um caminhão carregado de material de construção pena para passar por ruas de terra estreitas e acidentadas.
A história da comunidade não é muito diferente de outras favelas e ocupações irregulares do Brasil. "A causa é primordialmente a pobreza", diz o professor Antônio Cláudio Moreira, do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), que pesquisa o assunto desde 1958.
Para o especialista, a ocupação é resultado da soma do déficit habitacional com um terreno desocupado. No caso específico, um morro na altura do km 11 do Rodoanel, então destinado à expansão de um aterro sanitário, que fica atrás do terreno. A região pertence à zona norte de Osasco, na divisa com Barueri. Tão divisa que, questionada, nem mesmo a prefeitura de Barueri soube precisar se parte da comunidade estava em seu território. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.