Falta um chefe para os aeroportos brasileiros, diz Iata
Gerente regional da Associação Internacional de Transporte Aéreo afirma que a Infraero investirá apenas 20% do necessário no setor
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2010 às 16h55.
São Paulo - Os 5,5 bilhões de reais que a Infraero promete investir nos aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014 serão suficientes para resolver os problemas do setor apenas em um horizonte de curto prazo. De acordo com o gerente nacional da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Filipe Pereira dos Reis, este valor representa apenas um quinto do necessário.
Reis participou de evento em São Paulo nesta quarta-feira (25), para discutir as obras necessárias no setor de transportes visando a Copa de 2014. Ele mencionou um estudo encomendado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à consultoria McKinsey, o qual conclui que os investimentos previstos pela Infraero garantem o bom funcionamento das engrenagens do setor em, no máximo, uma década. Considerando o crescimento do volume de passageiros até 2030, seriam necessários investimentos entre 30 e 40 bilhões de reais para atender à demanda satisfatoriamente.
Segundo projeções do diretor de Engenharia e Meio Ambiente da Infraero, Jaime Henrique Caldas Parreira, de 2009 a 2014, o número de passageiros domésticos deve crescer de 128 milhões para 190 milhões por ano. Em 2020, este número deve chegar a 228 milhões de passageiros circulando por aeroportos brasileiros a cada ano.
Filipe Reis, da Iata, afirma que, além do descompasso, grande parte da desordem do setor se deve ao fato de não haver uma liderança competente para conduzir o processo de investimentos. "Falta alguém dizer que é o chefe e garantir diálogo e organização", diz. Na opinião do especialista, este seria o papel da Secretaria de Aviação Civil, do Ministério da Defesa, mas a atuação deste órgão ainda está aquém do ideal.
Um modelo sensato, na visão do especialista da Iata, seria aquele em que um responsável (a Secretaria, no caso) centralizasse todas as discussões sobre as necessidades do setor aéreo. O debate deveria envolver todos os ramos da cadeia, como as companhias aéreas, as agências reguladoras, governo e a sociedade civil.
"Considere o caso de Guarulhos. A Infraero vai investir 1,6 bilhão de reais em uma caixa (o terceiro terminal de passageiros) e ninguém sabe o que haverá dentro dela. Este processo vai limitar o real potencial da construção de um novo terminal em um aeroporto do porte do de Cumbica. Este processo de diálogo é um padrão internacional e só no Brasil ele não é levado a sério", diz Reis.