Fábio Faria sobre Correios: não dá mais estatal inchada com greve todo ano
Em entrevista, ministro das Comunicações calcula um prazo de seis meses entre a aprovação pelo Senado e o leilão
Agência O Globo
Publicado em 5 de novembro de 2021 às 13h47.
Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 14h12.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirma que a privatização dos Correios precisa ser votada no Senado ainda neste mês para que a operação seja concretizada no próximo ano, como prevê o governo.
Em entrevista ao O Globo, Faria calcula um prazo de seis meses entre a aprovação pelo Senado e o leilão. Por isso, o projeto precisa ser aprovado neste ano para que a privatização seja feita antes do auge do período eleitoral, no segundo semestre.
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A privatização dos Correios sofre resistências no Senado, mas já passou na Câmara. O governo prevê vender 100% da empresa, mas com obrigação de manter a entrega de cartas e correspondências em todo o país. Para Faria, a privatização é necessária.
"Eu fico muito preocupado de a gente jogar fora uma oportunidade única. Hoje as empresas de entrega estão muito modernas. Não dá mais para uma estatal inchada assim, que todo ano tem greve. Não teve greve neste ano porque estamos discutindo privatização. No ano passado teve greve de 35 dias. Nos últimos dez anos houve 12 greves", diz o ministro.
O ministro diz que a empresa ainda tem “filé e osso”, mas isso pode mudar.
"Se a gente deixar de discutir isso agora, não aprovar, for discutir daqui a três anos, pode até tentar privatizar e ninguém comprar. Vai virar uma empresa com caixa altamente deficitário apenas com o osso. Hoje ela tem o filé e o osso", afirma.
Faria reforça o prazo para aprovação neste mês, mas não vê problemas no Tribunal de Contas da União, onde a privatização da Eletrobras sofre resistência.
"A gente tem um deadline até o final de novembro. A proximidade com as eleições atrapalha muito. Eu tenho conversado muito com os senadores. Depois disso, são seis meses para o leilão. Mas, se virar o ano, acabou. Se virar o ano sem votar, não consegue fazer a privatização", afirma.