Brasil

Expulsão de traficantes permite avanço em favelas do Rio

Segundo Sandra Jovchelovitch - professora brasileira da universidade britânica - o ''modelo carioca de desenvolvimento social'' é um exemplo para outras regiões do mundo


	O estudo mostrou que 53% dos moradores entrevistados nas regiões com UPPs sentem uma melhoria na segurança
 (Divulgação/Governo do Estado Rio de Janeiro/Marino Azevedo)

O estudo mostrou que 53% dos moradores entrevistados nas regiões com UPPs sentem uma melhoria na segurança (Divulgação/Governo do Estado Rio de Janeiro/Marino Azevedo)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 20h53.

Rio de Janeiro - A expulsão dos traficantes de drogas das favelas do Rio de Janeiro permitiu uma ''regeneração social'' e um avanço na luta contra a exclusão, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira.

A pesquisa, realizada por uma equipe da London School of Economics and Political Science com apoio da Unesco, foi apresentada hoje no Rio durante o seminário internacional ''Sociabilidades Subterrâneas: Identidade, Cultura e Resistência em Comunidades Marginalizadas''.

Segundo Sandra Jovchelovitch - professora brasileira da universidade britânica - o ''modelo carioca de desenvolvimento social'' é um exemplo para outras regiões do mundo.

''O Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa embora ainda dividida, volta a ter luz em alguns territórios até agora invisíveis'', disse Jovchelovitch na favela do Cantagalo, a alguns metros da praia de Copacabana, durante a apresentação do estudo.

As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) representam um ''novo diálogo que gera uma nova sensação de segurança'', acrescentou Sandra.

O estudo mostrou que 53% dos moradores entrevistados nas regiões com UPPs sentem uma melhoria na segurança, embora também relatem ''abusos frequentes'' dos policiais e garantam que ''são vistos como criminosos''.

O projeto, realizado durante três anos, realiza uma pesquisa do modo de vida nas favelas cariocas, através de 204 entrevistas com moradores de Cantagalo, Cidade de Deus, Madureira e Vigário Geral.

A pesquisa também inclui o acompanhamento dos 130 projetos das ONGs AfroReggae e Central Única das Favelas (Cufa).

Sandra afirmou que a família, a igreja, o tráfico de drogas e a atividade das ONGs são as características que compõem a vida dos bairros onde vivem 20% da população da capital fluminense.


A investigadora destacou que a falta de estrutura familiar é um dos grandes problemas das favelas, onde 70% das crianças entre 12 e 17 anos vivem em casas com pai ausente.

Todos os participantes da pesquisa declararam ter sofrido ''perdas, dor e violência'' relacionadas ao narcotráfico, segundo o estudo.

O relatório elogiou o trabalho das ONGs locais por sua capacidade ''multifacetada'' e sua luta contra a exclusão nas favelas.

''As melhorias nas favelas também contribui para mudanças no asfalto'', disse a cantora Nega Gizza, uma das fundadoras da Cufa, à Agência Efe.

O texto mostra que ''em muitos casos'' as comunidades das favelas estão marcadas pela ''ausência'' do Estado, sendo a polícia a ''única face visível'' do governo.

As relações dos moradores com a polícia e com as facções de traficantes são ''complexas'' embora os moradores ''tenham mais medo da vida fora da favela do que dentro dela'', segundo a pesquisa. 

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCrimeFavelasMetrópoles globaisRio de Janeiro

Mais de Brasil

Governo e Senado pedem ao STF prorrogação de prazo de acordo sobre desoneração da folha

Lula diz que proposta de segurança do governo será elaborada com 27 governadores

Aeroporto de Porto Alegre será reaberto em outubro com 50 voos diários, diz ministro

Governo Lula é ruim ou péssimo para 44,2% e bom ou ótimo para 37,7%, aponta pesquisa Futura

Mais na Exame