Executivos da Odebrecht assinam delação até 5ª, diz fonte
A delação da Odebrecht, maior empreiteira da América Latina, tem sido apontada como uma das mais aguardadas da Lava Jato
Reuters
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 17h59.
Última atualização em 23 de novembro de 2016 às 18h01.
Brasília - Os acordos de delação premiada com algumas dezenas de executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato já foram finalizados e devem ser assinados até a quinta-feira, disse à Reuters nesta quarta-feira uma fonte que acompanha as negociações, acrescentando que um acordo de colaboração com a empresa "nunca esteve tão perto e também deve sair nos próximos dias".
A delação da Odebrecht, maior empreiteira da América Latina, tem sido apontada como uma das mais aguardadas da Lava Jato e a que tem maior potencial de provocar abalos ainda maiores no cenário político.
A fonte, que pediu para não ser identificada, disse ainda que o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba e já condenado, deverá fazer parte do grupo de executivos que firmarão acordos com a Procuradoria-Geral da República. Marcelo Odebrecht já foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão em ação penal da Lava Jato.
No início deste mês, uma outra fonte com conhecimento das negociações em andamento disse à Reuters que haviam tratativas com cerca de 80 executivos da empreiteira com vistas a um acordo de delação.
A fonte que falou à Reuters nesta quarta disse não saber ao certo quantos executivos decidiram firmar acordo, mas afirmou que o número é de grandeza parecida à da citada pela primeira fonte.
Advogados de executivos da Odebrecht estão reunidos nesta quarta com procuradores para tratar da assinatura dos acordos, disse a fonte que confirmou as delações.
O documento a ser assinado com a empreiteira, por sua vez, está sendo discutido tanto na capital federal quanto em Curitiba, onde tramitam os processos da Lava Jato em primeira instância.
Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República afirmou que não comentará a informação. A Odebrecht também informou que não vai comentar.
Nas investigações da operação Lava Jato, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal encontraram uma planilha que, afirmam, indica pagamentos feitos pela empreiteira a políticos de vários partidos.
Não ficou claro à época se os dados da planilha se referiam a repasses de propina, a doações legais para campanhas eleitorais ou a doações não contabilizadas, o chamado caixa dois.
Como na delação da empreiteira e de seus executivos e funcionários devem ser citados políticos com mandato, os acordos terão de ser analisados pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Lava Jato na corte.
Caberá a Teori decidir se valida esses acordos e permite que as delações sejam usadas no processo ou se os rejeita e os declara nulos.