JBS: o acordo vem na esteira da divulgação do áudio de Joesley de uma conversa dele com Michel Temer (REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 18 de maio de 2017 às 20h52.
Última atualização em 18 de maio de 2017 às 21h40.
São Paulo - Executivos da JBS e da controladora J&F anunciaram nesta quinta-feira acordo de delação premiada, enquanto o sócio do grupo Joesley Batista admitiu pagamento de propina para obter facilidades para o conglomerado.
O acordo de delação firmado com o Ministério Público Federal (MPF) e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), envolve sete executivos da processadora de carnes e da J&F, e prevê pagamento de uma multa total de 225 milhões de reais.
O acordo vem na esteira da divulgação do áudio de Joesley de uma conversa dele com Michel Temer, na qual o presidente supostamente dá anuência para o empresário comprar o silêncio do ex-deputado federal, hoje preso, Eduardo Cunha.
O fato teve como desdobramentos a abertura de um inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra Temer, enquanto o dólar teve a maior alta diária em quase duas décadas e a bolsa paulista perdeu 219 bilhões de reais em valor de mercado.
A processadora de carnes, envolvida em investigações por irregularidades no recebimento de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de investimentos de grandes fundos de pensão de estatais, viu suas ações caírem 9,7 por cento na bolsa paulista.
Em nota separada, Joesley admitiu que fez pagamentos indevidos a agentes públicos para obter vantagens.
"Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o poder público brasileiro. E não nos orgulhamos disso", diz trecho do comunicado.
"Quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos", afirma outro trecho do documento.