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EXAME Política: como o sinal amarelo da Faria Lima mexeu com o Planalto

Uma vez passado o caos da pandemia, Bolsonaro deve ser cobrado em 2022 sobre temas de responsabilidade exclusiva do Executivo federal. Ouça no podcast Exame Política

Jair Bolsonaro: presidente deve sancionar Orçamento de 2021 nesta quinta (Alan Santos/PR/Flickr)
FS

Fabiane Stefano

Publicado em 27 de março de 2021 às 10h26.

Última atualização em 29 de março de 2021 às 06h39.

Ainda que sustente uma aprovação na casa dos 25%, o recrudescimento da pandemia vem, pouco a pouco, minando os apoios do governo Bolsonaro. Os resultados da última pesquisa EXAME/IDEIA, divulgados nesta semana, mostram que o presidente ainda é forte entre evangélicos, entre os homens ricos das capitais e também no centro-oeste do país. Mas, no geral, a desaprovação de Bolsonaro já alcança 49%. E, nesta semana, a Carta Aberta dos Economistas e Empresários, que cobra atitudes do governo federal em relação à pandemia, deixou o Planalto em alerta.

"Até alguns meses, o governo acreditava que o 'pibão brasileiro' o acompanharia na eleição, mesmo com todas as polêmicas ligadas ao núcleo ideológico do governo. Mas a carta foi um sinal amarelo em relação a esse apoio, pois mostrou que hoje os empresários e economistas já colocam em dúvida seu apoio ao Bolsonaro", explicou o cientista político Lucas de Aragão, da Arko Advice, no último episódio do podcast Exame Política, que vai ao ar todas as sextas-feiras.

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Para Aragão, ainda que haja uma disposição natural da Faria Lima em ser mais antipetista do que antibolsonarista, o apoio da elite financeira do país ao atual governo em 2022 depende, principalmente, de dois fatores: a moderação de Bolsonaro e o "figurino" de Lula, caso seja candidato. "Se Bolsonaro cair no populismo e Lula acene mais ao centro, diminui-se o medo relacionado ao sentimento antipetista. Essa carta transmitiu ao governo a sensação de que, na hora do 'vamos ver', é possível que ele perca apoio de alguns desses quadros", explicou o cientista político.

Fundador do IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública, Maurício Moura aposta que, com o arrefecimento da pandemia em função da vacinação, o governo passará a ser cobrado pelos temas econômicos, como desemprego e inflação, que são de responsabilidade exclusiva do executivo federal. Com isso, cresce a dificuldade de Bolsonaro em emplacar uma narrativa positiva da economia durante a campanha eleitoral. Mesmo assim, o atual presidente continua competitivo no páreo.

"Existem poucas margens para melhorar essa aprovação do governo. Por outro lado, com o avanço da vacinação e a nova rodada do auxílio emergencial, a aprovação deixa de cair, o que coloca Bolsonaro facilmente no segundo turno", explica Moura. "Do outro lado, Lula segue favorito ao segundo turno por já ter uma base e não depender de modulações de postura como Bolsonaro."

Em um segundo turno, a eleição é muito mais sobre o outro do que sobre você. Nesse sentido, o Bolsonaro tem uma narrativa muito forte, que é o antipetismo. Mas, nos últimos anos, o antibolsonarismo nasceu e amadureceu muito rápido - só que ainda é muito difuso e sem uma liderança além de Lula, que tem altos índices de rejeição.

Lucas de Aragão, cientista político da Arko Advice

O podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras.Clique aqui para ver o canal no Spotify, ou siga em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.

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