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Ex-ministro da Justiça diz a Moro que caixa 2 é prática histórica

José Eduardo Cardozo disse que, apesar de ilegal, a prática de caixa dois "nem sempre agasalha a corrupção"

Cardozo: para ele, a prática não está necessariamente associada a ato de corrupção ou lavagem de dinheiro (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
AB

Agência Brasil

Publicado em 13 de março de 2017 às 16h06.

Após depoimento ao juiz Sérgio Moro que durou cerca de 20 minutos, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse que a prática de caixa 2 em campanhas eleitorais "é histórica e recorrente, fruto de um sistema político anacrônico" e acrescentou que a prática não está necessariamente associada a ato de corrupção ou lavagem de dinheiro.

Também foi ouvido hoje, por videoconferência, no Fórum Criminal de São Paulo, o empresário Emílio Odebrecht, dono do grupo Odebrecht e pai do ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht - condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por participação no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Trata-se do primeiro depoimento do empresário ao juiz Sérgio Moro.

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Ao deixar o fórum, José Eduardo Cardozo disse que, apesar de ilegal, a prática de caixa dois "nem sempre agasalha a corrupção".

O ex-ministro disse que a empresa doa o dinheiro e o beneficiário processa como caixa dois, muitas vezes sem saber a origem dos recursos.

Ele relatou ter respondido a perguntas do advogado de defesa de Palocci e também feito esclarecimentos solicitados pelo juiz Moro.

Mas se eximiu de dar detalhes sobre o teor das indagações, lembrando que o processo corre sob sigilo e que, caso quebrasse esta exigência, poderia correr o risco de entrar no Fórum como testemunha e sair como réu.

Questionado se tinha conhecimento de ilegalidades na campanha de 2014, o ex-ministro afirmou que, apesar de não ter participado, pode testemunhar que a ex-presidente Dilma Rouseff tinha uma postura rígida contra o recebimento de dinheiro ilegal.

Palocci

O advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, saiu satisfeito da audiência.

"Nada se provou que incriminasse o Palocci", disse o advogado, apesar de citar que um ou dois depoentes teriam declarado já ter ouvido "dizer que era o Palocci, o italiano". Italiano é o codinome que consta de uma planilha de propinas da empreiteira.

Entre os depoimentos que Batochio considerou favorável a seu cliente, destacou o do empresário Emílio Odebrecht: "ele foi muito claro em dizer que jamais ouviu dizer que o italiano fosse o Palocci".

Palocci foi preso em setembro do ano passado, durante a 35ª fase da Operação Lava Jato, chamada Operação Omertá. Para Batochio, a prisão é "arbitrária e abusiva".

Ele afirma que "não tem sentido manter preso um homem enquanto se apura se ele é ou não é culpado por alguma coisa e quando a instrução do processo pelas testemunhas mostra que ele não participou de nenhuma irregularidade", afirmou Batochio.

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