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Ex-chefe da OAS diz que Lula pediu para ele destruir provas

A Polícia Federal e a Procuradoria da República sustentam que o ex-presidente recebeu propinas da OAS no montante de R$ 3,7 milhões

Lula: o ex-presidente o teria questionado sobre se os pagamentos da OAS para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teriam sido feitos no exterior (Adriano Machado/Reuters)

Lula: o ex-presidente o teria questionado sobre se os pagamentos da OAS para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teriam sido feitos no exterior (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2017 às 18h21.

Última atualização em 20 de abril de 2017 às 20h37.

São Paulo – Em depoimento ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara de Curitiba,  o ex-presidente da construtora OAS José Aldemário Pinheiro (conhecido como Léo Pinheiro) afirmou que teria conversado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  sobre documentos que pudessem incriminá-lo na Operação Lava Jato.

De acordo com o ex-presidente da OAS, Lula o teria orientado a destruir essas provas. A suposta conversa de Léo Pinheiro com o petista sobre o assunto teria sido discutida em junho de 2014 – três meses depois do início das investigações da Lava Jato. Ele afirma que todos esses encontros foram registrados em uma agenda.

Segundo o empreiteiro, o ex-presidente Lula o teria questionado sobre se os pagamentos da OAS para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teriam sido feitos no exterior. Pinheiro afirma que teria respondido que o repasse de propina estava sendo feita por meio de caixa 2 e doações ao diretórios do partido.

Nas palavras do executivo, Lula teria respondido dessa forma: "Você tem algum registro de algum encontro de contas, de alguma coisa feita com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua."

Tríplex no Guarujá

Durante o depoimento, Pinheiro afirmou que o tríplex 164-A do Edifício Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá (SP), pertencia ao ex-presidente apesar de estar no nome da OAS.

"O apartamento era do presidente Lula. Desde o dia que me passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) já foi me dito que era do presidente Lula e sua família e que eu não comercializasse e tratasse aquilo como propriedade do presidente”, afirmou o empreiteiro.

No papel, a ex-primeira dama Marisa Letícia era dona da unidade 141, de 82,5 metros quadrados, no mesmo edifício -- comprada por ela em 2005. Segundo o empreiteiro, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teria autorizado a comercialização dessa unidade.

A Polícia Federal e a Procuradoria da República suspeitam que o ex-presidente recebeu propinas da OAS no montante de R$ 3,7 milhões - de um total de R$ 87 milhões . Uma parte do dinheiro teria sido investido em obras no apartamento. Outra parte, segundo a acusação, no montante de R$ 1 milhão, foi usada para armazenamento de pertences que Lula ganhou quando na Presidência.

Segundo o Ministério Público Federal, a OAS bancou tais despesas por supostamente ter sido beneficiada em contratos com a Petrobras. Fato que foi confirmado por Léo Pinheiro no depoimento de hoje.

"A OAS não teve prejuízo na reforma porque foi paga através da Rnest (Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras), do encontro de contas dela e de outras obras. Isso é muito claro”, disse.

A defesa do petista afirma não ser dele o tríplex. Nesta quarta-feira, 19, os advogados de Lula exibiram à imprensa documentos da recuperação judicial da empreiteira que incluiu em seus ativos o apartamento do Guarujá.

Condenado a 39 anos de prisão e preso desde setembro do ano passado, Léo Pinheiro negocia um acordo de delação premiada, informou o jornal Folha de S. Paulo, no qual prometeu entregar irregularidades de Lula, do PT e de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Veja a íntegra do depoimento de Léo Pinheiro disponibilizada pela revista VEJA:

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Léo Pinheiro foi preso em novembro de 2014 na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que mirou o cartel de empreiteiras que se instalaram na Petrobras para fraudes, desvios bilionários e propinas.

Em 2015, Léo ganhou prisão domiciliar com tornozeleira. Mas, condenado a 16 anos de prisão por Moro, voltou à cadeia em setembro de 2016. Dois meses depois, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) elevou para 26 anos a pena imposta ao empreiteiro.

Quinta bombástica

Mais cedo, o juiz Sergio Moro ouviu o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Antônio Palocci, que prometeu entregar informações “que vão ser certamente do interesse da Lava Jato”.

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, ele já teria se reunido com a força-tarefa que investiga crimes de corrupção na Petrobras com o objetivo de fechar um acordo de delação premiada.

*Com informações de VEJA e Estadão Conteúdo

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