Gisele Alessandra Schmidt e Silva, a primeira mulher trans a fazer uma sustentação no STF (STF/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 18 de junho de 2017 às 09h00.
Última atualização em 18 de junho de 2017 às 09h00.
São Paulo - Há pouco mais de uma semana, no dia 7 de junho, a advogada Gisele Alessandra Schmidt e Silva entrou para a história do Supremo Tribunal Federal ( (STF) ao se tornar a primeira mulher transexual a fazer uma sustentação oral perante os ministros da mais alta corte do país.
Passando por cima do preconceito e da cruel realidade das pessoas que nascem com um sexo mas se identificam com o oposto, a advogada paranaense subiu à tribuna da corte, em nome da Ong Dignidade, para defender o direito de transexuais mudarem o nome e o sexo no registro civil sem a necessidade de realizar uma cirurgia de “transgenitalização”.
Para ela, o fato de o país liderar o ranking de mortes de transexuais no mundo e ter uma das menores expectativas de vida para pessoas trans (em média elas morrem aos 35 anos) diz muito sobre a omissão do Estado na proteção dessa parcela da população.
No julgamento, Gisele disse ser uma sobrevivente de uma realidade em que a maioria dos travestis morrem apedrejados e a pauladas. Sua fala fez referência ao brutal assassinato de Dandara Santos, de 42 anos, em março deste ano no Ceará.
“Sobrevivi ao apedrejamento moral e físico, à proibição de estar na rua e nos espaços públicos mesmo à luz do dia, à mendicância e ao sepultamento como indigente, como acontece com a maioria das pessoas trans brasileiras sem que, nem mesmo neste momento tão extremo de morte, tenham merecido respeito ao nome e ao gênero com o qual se identificam”, afirmou a advogada perante os ministros do Supremo.
Depois da apresentação dos advogados do caso, os ministros do STF adiaram (mais uma vez) o debate sobre o assunto. Não há previsão para uma nova análise do processo.
Chegar à tribuna do STF, no entanto, foi só um dos inúmeros desafios que a única advogada transexual da região sul do Brasil enfrentou durante a vida. Veja a íntegra de seu relato a EXAME.com: