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Estudo relaciona surto de zika com secas no Nordeste

Depósitos líquidos e tanques de água "criam um clima muito bom para os mosquitos" e, além disso, "ficam perto das casas"


	Seca: "em épocas de seca persistente, há um aumento do armazenamento de água nas casas"
 (Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

Seca: "em épocas de seca persistente, há um aumento do armazenamento de água nas casas" (Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 13h19.

Jerusalém - O surto de zika está sendo influenciado pelo fenômeno El Niño, porém não pelas fortes chuvas que provoca, mas, ao contrário, pelas secas severas do nordeste do Brasil, segundo um estudo da Universidade de Haifa (Israel) e do Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças.

"Muitos meios de imprensa falam do vínculo entre as fortes chuvas e tempestades e a expansão do vírus. Mas o que averiguamos, no entanto, com resultados provisórios, é que há muita mais relação entre os lugares onde surgem surtos de zika e as secas prolongadas", explicou nesta quinta-feira à Agência Efe a professora Shlomit Paz.

"Há vários estudos de há alguns anos que já mostram que nessa região, em épocas de seca persistente, há um aumento do armazenamento de água nas casas", explicou a pesquisadora, do departamento de Geografia e Estudos Ambientais da universidade e que, junto com o professor Khan Semenza, é coautora de relatório publicado este mês pela revista "The Lancet".

Ele acrescentou que esses depósitos líquidos e tanques de água "criam um clima muito bom para os mosquitos" e, além disso, "ficam perto das casas".

Nos últimos meses foram registrados no Nordeste muito menos chuvas do que o habitual, em parte devido ao efeito El Niño e também pela mudança climática.

"As principais localizações do zika estão justamente nessa região, no nordeste do Brasil, e não no litoral ocidental da América do Sul onde as chuvas abundaram", afirmou Paz.

Ela acrescentou que "ocasionalmente, se espera que a população de mosquitos aumente em lugares onde há fortes chuvas, mas isto depende do meio ambiente ecológico. Às vezes, pode-se observar também um aumento do número de mosquitos com as secas".

"Os dados mostram uma forte correlação entre as condições meteorológicas extremas: altas temperaturas no nordeste do Brasil - no ano passado foram atingidas as maiores já registradas nessa região - combinadas com grande seca e o surgimento do zika na mesma região semanas depois", especificou.

O estudo publicado representa apenas os primeiros resultados da investigação, que continuará com uma análise mais profunda dos dados.

O zika é transmitido através do mosquito Aedes aegypti, que também pode contagiar outras doenças como dengue e chicungunha, e não causa, em geral, uma doença fatal, mas a incidência em mulheres grávidas está sendo vinculada com casos de microcefalia e outras más-formações.

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