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Estudantes do Mackenzie fazem ato contra impeachment

Alunos da instituição que não participaram da manifestação preferiram chamar a universidade de apolítica


	Mackenzie: alunos da instituição que não participaram da manifestação preferiram chamar a universidade de apolítica
 (Creative Commons)

Mackenzie: alunos da instituição que não participaram da manifestação preferiram chamar a universidade de apolítica (Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2016 às 09h10.

São Paulo - Depois de manifestações na PUC e na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a trinca histórica do movimento estudantil na Cidade de São Paulo completou-se nesta quarta-feira, 23, com um ato na Rua Maria Antônia, na Vila Buarque, no centro da Cidade.

Entre o Mackenzie e o Centro Cultural Maria Antonia (que já foi prédio da Faculdade De Filosofia, Letras e Ciências Humanas) cerca de 300 estudantes se reuniram em apoio ao governo Dilma.

A chuva impactou no número de manifestantes e rendeu a São Pedro uma acusação de ser tucano. A pecha de direitista continuou sendo grudada no Mackenzie - que foi acusado de não ceder o auditório para uma manifestação "contra o golpe".

Alunos da instituição que não participaram da manifestação preferiram chamar a universidade de apolítica e dizer que não podem "pagar pelos erros do passado".

Por volta das 20h50, um grupo contrário ao movimento - que estava concentrado em frente a um bar ao lado do Mackenzie hostilizou a manifestação com gritos de "mortadela" e "PT ladrão".

Houve um princípio de empurra-empurra, que logo foi controlado. Uma bomba solitária foi ouvida na Maria Antonia.

A confusão foi dispersada. Na frente do bar, um grupo afirmou que "também teria o direito de se manifestar". Na sequência, esse mesmo grupo puxou o coro de "o PT acabou". Imediatamente, ouviram a reação: "fascistas, fascistas".

Outra bomba, provavelmente um morteiro foi jogado perto dos dois grupos. Outro princípio de confusão e bate-boca (discutindo sobre qual dos lados teria jogado a bomba). Até o momento, a polícia não interveio.

Com menos de 500 metros de extensão, a Maria Antonia já foi palco de um dos capítulos mais definitivos da luta pela redemocratização.

Nos dias 2 e 3 de outubro de 1968, uma briga entre alunos da USP e a direita do Mackenzie (representada pelo CCC - Comando Caça Comunistas) terminou em uma batalha campal, com o prédio da USP em chamas e a morte do estudante secundarista José Guimarães (lembrado na manifestação dessa terça-feira na PUC).

Entre os estudantes, um homem de 73 anos estava especialmente emocionado: Renato Martinelli. Ele estudou no Mackenzie entre 1965 e agosto de 1968, fez parte do grupo de esquerda da instituição que ganhou, inclusive, o centro acadêmico em 1967.

"Uma Manifestação aqui é algo histórico. É um elo entre o presente e o passado. É a prova que a história caminha, mas que precisamos estar atentos para que ela não caminhe para o lado errado", fala Martinelli.

Em agosto de 68, Martinelli trancou o curso de direito e precisou exilar-se por conta de suas "atividades subversivas". "A gente espera que algo assim nunca mais aconteça no Brasil", completa Martinelli.

Outra testemunha da história da Maria Antonia esteve presente na manifestação, Américo Nicolatti. Representante da esquerda mackenzista, ele foi presidente de diretório acadêmico e vice do José Dirceu na UEE (União Estadual de Estudantes). "Eu não quero ser saudosista.

Acho que a Maria Antonia sempre será um símbolo de luta pela democracia. É nessa rua que as coisas acontecem ou começam a acontecer ", disse Nicolatti.

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