Estado grande ou estado forte?
Com o início da corrida eleitoral e em meio à tumultuada tentativa do governo de ressuscitar a Telebrás, pega fogo a mais importante discussão na definição do país que seremos nas próximas décadas. Estado inchado, Estado indutor, Estado intervencionista,
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2010 às 12h39.
Começou mal a discussão mais importante sobre o Brasil que queremos ser no futuro. A questão decisiva para o tipo de país que vamos construir - Estado grande ou Estado forte? - ressurgiu embalada por muitas palavras de ordem, mais um escândalo protagonizado pelo ex-ministro José Dirceu e quase nada de substância. Alçada à condição de précandidata à Presidência da República no megaevento do PT que sacramentou seu nome, a ministra Dilma Rousseff foi fundo nas ilações sobre um suposto ataque "neoliberal" pronto a ser deflagrado. "Alguns ideólogos chegavam a dizer que quase tudo seria resolvido pelo mercado. O resultado foi desastroso. Aqui, o desastre só não foi maior porque os brasileiros resistiram a esse desmonte e conseguiram impedir a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica ou de Furnas", disse Dilma, insinuando a linha a ser perseguida na campanha. Por seu turno, o principal promotor de sua candidatura defendeu a pecha de "estatizante" da ministra. "Dizem isso dela. Mas isso não é ruim. É bom", disse na ocasião o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ironicamente, as loas ao tal "estatismo" de Dilma foram entoadas a poucos metros de Dirceu - sempre ele -, nebulosamente envolvido na tentativa de criar uma nova estatal para difundir a banda larga no país e que pode resultar numa das maiores falcatruas de sua complicada carreira de "consultor". Por sua vez, ante a indefinição do governador José Serra na corrida eleitoral, na oposição reina o silêncio. Por ora, não se sabe o que pretendem os tucanos se voltarem a reinar. Mas, ainda que de forma tortuosa, pelo menos a pergunta está posta: como será o Brasil a partir do próximo ano, quando encerrar a era Lula? No difícil, mas vital, equilíbrio entre Estado e mercado, que caminhos seguiremos? Queremos um Estado forte - na regulação, na imposição da lei, no respeito aos contratos, na garantia da segurança e em tantas outras áreas da vida? Ou preferimos um Estado grande - que empregue cada vez mais, que produza bens e serviços, que interfira na atividade econômica e que, em última instância, caracterize o capitalismo brasileiro do século 21?
Um olhar sobre os avanços recentes do país evidencia a importância histórica dessa escolha. O Brasil que hoje desponta como liderança global consolidou, ao longo dos últimos 20 anos, um impressionante conjunto de conquistas na economia, na política e na sociedade. Enterramos uma ditadura militar. Abrimos a economia. Domamos a inflação.
Aceitamos regras básicas da boa macroeconomia. Tiramos milhões de pessoas da pobreza. Criamos um enorme mercado consumidor. Estamos, como nação, mais fortes do que nunca. O próximo passo - decisivo para nossas pretensões - é entender o que queremos de nosso Estado. Historicamente, ele é responsável por algumas das principais mazelas do país, como a péssima qualidade da educação, o atendimento sofrível na saúde, a insegurança que ceifa quase 50 000 vidas ao ano, uma carga tributária asfixiante, a burocracia que inferniza o cidadão, barra o empreendedorismo e se perpetua governo após governo. A alternativa não é torná-lo insignificante - se alguém ainda precisava de comprovação de que o mercado não pode ser deixado totalmente solto, recomenda-se uma visita aos Estados Unidos e à Europa para ver o estrago que a falta de regulação nas finanças produziu. O ponto é outro. Naquilo que elegermos como prioritário, o Estado precisa funcionar. Rusgas eleitorais à parte, não ajuda em nada o Fla-Flu que surgiu em torno da questão. "A ideologia está turvando o debate. Os liberais não pregam o fim do Estado. Só recomendamos cuidado, pois a mão pesada pode gerar distorções", diz o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central.
Vale, então, tirar um pouco da paixão que envolve o tema. Não é verdade que o Brasil tenha flertado com o Estado mínimo durante a gestão FHC. Também não é verdade que Lula esteja construindo um estatismo soviético. Nos quadros que ilustram esta reportagem, EXAME traz um diagnóstico completo sobre o tema. A radiografia mostra que, apesar de certa redução na máquina e de algumas importantes privatizações na era FHC, Lula herdou um Estado ainda pesado em muitos aspectos. Só que, em vez de diminuí-lo, sua opção foi fazê-lo crescer mais. Desde 2003, o tamanho da máquina cresceu em 120 000 funcionários. Seu custo aumentou 60%. Foram criadas oito novas empresas, e apenas uma delas, a Empresa Brasil de Comunicação, responsável por um canal de TV desprezado pela audiência e, portanto, inútil sob todos os pontos de vista, já conta com quase 1 500 funcionários. Felizmente, no Brasil democrático a criação de estatais não é tão fácil como era na ditadura militar - as novas empresas públicas precisam ser aprovadas pelo Congresso. A primeira tentativa de o governo Lula aprovar uma grande estatal, a Petrosal, foi recentemente barrada pelos parlamentares. Talvez o que realmente preocupe seja não tanto o presente, mas a tendência futura. Todas as indicações das autoridades são de que a opção pelo crescimento da máquina é consciente e que não haverá volta. No rol de medidas gestadas consta até mesmo a ideia de criar uma empresa para a produção de fertilizantes, já ridicularizada pelo apelido de "Adubobrás". "O governo precisa ser cuidadoso. O Brasil não pode se comportar como se fosse a China", diz Jim O'Neill, chefe do departamento de pesquisas do banco Goldman Sachs e autor do termo Bric, que designa os quatro principais países emergentes - Brasil, Rússia, Índia e China.
No centro das discussões está hoje a proposta do governo de ressuscitar a Telebrás, a antiga holding das operadoras telefônicas privatizadas no final dos anos 90. O propósito de revigorar a Telebrás, hoje apenas uma administradora de antigas dívidas, seria torná-la na prática uma nova estatal, com uma missão específica: acelerar a disseminação da internet de alta velocidade, a chamada banda larga. Trata-se de algo que algumas das economias mais avançadas do mundo estão empreendendo no momento. Contar com uma internet mais rápida e que dê conta do crescente tráfego de imagens e de dados é uma meta de indiscutível valor para a competitividade da economia. A questão é a maneira de concretizá- la. Enquanto outros países desenvolvem soluções que privilegiam a competição privada no setor - como o Brasil já fez com êxito para destravar a telefonia 13 anos atrás - ou fórmulas de parceria público-privada, aqui os sinais até agora são de um viés estatizante. Ignorando o histórico de ineficiência das estatais num setor em constante mudança tecnológica, o governo cogita tomar para si a implantação do Plano Nacional de Banda Larga.
Segundo especialistas do setor ouvidos por EXAME, a recriação não apenas é desnecessária como se tornou uma fonte de incertezas. "Ao anunciar que vai reinventar a Telebrás para competir com as empresas privadas, o governo inibe novos investimentos no setor", diz um alto executivo de uma operadora de telecomunicações. A primeira contraindicação em relação à ideia tem a ver com a histórica ineficiência já demonstrada pela holding. Em 1998, quando a Telebrás comandava o setor de telefonia no país, apenas 32% dos domicílios brasileiros tinham linhas telefônicas. Hoje, entre celulares e fixos, mais de 80% dos lares dispõem de telefone. Na última década, somente as empresas de telefonia móvel investiram 77 bilhões de reais. O sistema não é perfeito. Há muito espaço para aprimorá-lo. Mas sua evolução nas mãos da iniciativa privada, conforme demonstram todos os dados, é incomparável. Além disso, os cerca de 200 funcionários remanescentes da Telebrás são técnicos a serviço da Anatel. Tirá-la do limbo pode significar a criação de um novo lote de cargos de confiança e sabe-se lá mais quantos empregos comuns.
Já a segunda contraindicação tem a ver com a nebulosa valorização de 35 000% dos papéis da Telebrás na Bovespa durante o governo Lula. Em parte, a escalada é fruto de rumores. Mas, recentemente, do alto do palanque, o próprio presidente Lula disse que "a Telebrás será reativada para fazer a banda larga no país". A subida estratosférica das ações da estatal está sendo investigada pela CVM, o órgão do governo responsável por fiscalizar a bolsa de valores. Outro capítulo cercado de muitas dúvidas diz respeito à reativação da Eletronet, empresa falida de capital misto, originada do sistema Eletrobrás nos anos 90. O grande ativo da Eletronet é uma rede de fibras ópticas com 16 000 quilômetros que se espalha por 18 estados. O governo pretende transformar a rede da Eletronet na espinha dorsal de seu plano de banda larga e repassar sua gestão para a Telebrás. Existem fortes suspeitas de tráfico de influência e uso de informações privilegiadas em um lobby supostamente feito pelo ex-ministro José Dirceu, cassado no escândalo do mensalão. O caso serve bem para lembrar que o avanço estatal não pode ser considerado apenas do ponto de vista teórico. Na vida real, argumentos nobres costumam servir como uma luva para a defesa de interesses particulares.
A reanimação da Telebrás é só parte do movimento mais amplo que o governo vem fazendo, nos últimos anos, de reforço de sua presença na economia. A expressão máxima dessa tendência é o fortalecimento da maior companhia do país - a Petrobras. Contraditoriamente ao senso comum, a empresa começou a ganhar musculatura quando perdeu o monopólio que tinha por lei sobre a exploração e a produção de petróleo, em 1997. No primeiro momento, a Petrobras foi à luta para ganhar competitividade diante da chegada de multinacionais. Mais recentemente, ao sucesso das campanhas exploratórias e à descoberta das reservas do pré-sal somou-se um agressivo projeto de expansão que levou a Petrobras, a se estabelecer em quase todos os setores de energia. Hoje, além de ser responsável por quase a totalidade da produção e do refino de petróleo no país, a empresa controla quase 40% da distribuição de combustível, tem um quarto do mercado de distribuição de gás de cozinha e já possui capacidade de geração de eletricidade equivalente a meia usina de Itaipu. Tornou-se a quarta maior companhia de energia do mundo, com valor de mercado estimado em 180 bilhões de dólares. O salto a transformou não só numa gigante internacional mas também num dos principais motores do crescimento do país e num dos mais privilegiados instrumentos de intervenção na economia. "Não somos mais uma empresa de petróleo. Vamos do poço ao plástico. E não vamos parar de crescer", disse a EXAME José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras.
O mais recente movimento da empresa foi no setor petroquímico. Em janeiro, ao aumentar sua participação na Braskem, do grupo Odebrecht, a Petrobras possibilitou que ela comprasse a rival Quattor, formando a quinta maior petroquímica do mundo, com faturamento anual de 26 bilhões de reais. É bom para o país que uma única empresa seja cada vez mais dominante em tantos mercados? É uma questão em aberto. O avanço da Petrobras na petroquímica teve apoio do governo, sob o argumento de que a indústria brasileira precisava ganhar competitividade internacional. Esse passo representa bem o que o governo quer dizer ao defender seu papel de "indutor do desenvolvimento". Num passado recente, o governo atuou fortemente para forjar a consolidação de grupos de capital nacional com poder de fogo global. Tal lógica permeou, entre outros negócios, a incorporação da Sadia pela Perdigão, dando origem à BR Foods, no setor de alimentos, e a compra do Bertin pelo JBS-Friboi, hoje o maior frigorífico do mundo. Em ambos os casos, nos quais o BNDES ou fundos de pensão de funcionários de estatais, como a Previ e a Petros, fizeram injeções bilionárias, uma das justificativas foi a criação de multinacionais verde-amarelas. Do ponto de vista da escala, faz sentido. O efeito para o país, porém, vai depender do grau de competição em cada mercado após a consolidação. "Em teoria, o apoio à criação desses grupos pode fazer sentido se gerar ganhos de eficiência na competição internacional e incorporação de novas tecnologias que beneficiem o país", afirma o consultor Juan Peréz Ferrés, execonomista- chefe da Secretaria de Direito Econômico. "O risco é termos virtuais monopólios domésticos. Aí, quem perde é o consumidor."
Essa é uma das críticas colocadas ao estímulo à Braskem, que ao incorporar a Quattor se tornou praticamente a única fabricante de algumas resinas plásticas no país. Outra operação polêmica apoiada pelo governo foi a compra da telefônica BrT pela Oi, que exigiu a alteração de uma lei para que o negócio se tornasse possível. Nesse caso, a lógica seria contar com uma grande operadora nacional num ambiente em que as outras grandes empresas - Telefônica, Claro e TIM - são multinacionais. O ganho para o consumidor brasileiro ainda não está claro. Novos negócios de grande porte estão sendo preparados no setor elétrico. Nessa área, a presença estatal já é pesada, por meio da mastodôntica Eletrobrás, dona de 38% da capacidade de geração e de mais da metade da rede de linhas de transmissão de energia. O presidente Lula já declarou que ela será vitaminada para se transformar numa "Petrobras do setor elétrico". Mas a mexida no setor não deve parar aí. Na etapa de distribuição de energia, em que a Eletrobrás tem participação reduzida, estaria sendo urdida uma nova superempresa de capital misto. A estratégia seria inicialmente a fusão dos ativos da CPFL, controlada pelo grupo Camargo Corrêa, com os da Neoenergia, cujos acionistas principais são a Previ e a espanhola Iberdrola. Numa segunda etapa, a nova CPFL também viria a incorporar a Brasiliana, hoje uma sociedade entre a própria Previ e o grupo americano AES. O comando da empresa resultante ficaria com a Camargo Corrêa. Contando com as bênçãos de Lula e Dilma, a nova CPFL. seria dominante em mercados importantes do país, como o estado de São Paulo e a Região Sul.
No fundo, os exemplos citados falam sobre os riscos de um tipo de sistema econômico que pode estar surgindo na esteira da crise financeira - o capitalismo de Estado. Quem melhor captou o fenômeno foi o cientista político americano Ian Bremmer, presidente da consultoria de riscos políticos Eurasia Group e uma das vozes mais respeitadas no cenário internacional. Com o mundo rico chafurdando em problemas, diz Bremmer, o modelo liberal entrou numa fase de declínio. O momento é de países cujo motor econômico decorre do Estado, seja por meio de suas empresas estatais, seja por meio de seus fundos soberanos. Segundo Bremmer, a nova dicotomia internacional não é mais entre socialismo e capitalismo, mas entre capitalismo de mercado (como o praticado por Estados Unidos, Europa, Japão, Canadá e Austrália, entre outros) e de Estado (cujos principais representantes seriam China, Rússia e países árabes exportadores de petróleo). Para ele, o Brasil, no momento, flerta com os dois modelos, sem uma definição clara do lado para o qual penderá.
Ainda que o estatismo brasileiro esteja a anos-luz do praticado na Rússia ou na China, não resta dúvida de que a crise internacional deu fôlego aos defensores do modelo também por aqui. Em pleno enxugamento do mercado de crédito no país, o governo federal fez valer sua posição de acionista majoritário do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Num primeiro sinal, em abril de 2009, Antônio Francisco de Lima Neto foi demitido da presidência do BB porque o presidente Lula estaria insatisfeito com as altas taxas de juro praticadas pelo banco. Depois da mudança de comando, o maior banco brasileiro promoveu reduções de taxas para injetar dinheiro na praça. O resultado é que a concessão de crédito da instituição aumentou 33% de 2008 para 2009, passando a 301 bilhões de reais. A expansão da carteira de crédito mexeu diretamente com o lucro do BB, que cresceu 15% no período (número também influenciado por um acerto de contas com a Previ, que rendeu 2,3 bilhões de reais extras). "O BB teve uma leitura mais apropriada da crise e está colhendo os resultados agora", diz Flaviano Faleiro, executivo de estratégia para a área de finanças da consultoria Accenture. Assim como o BB, a Caixa também foi instada a fornecer mais crédito - especialmente no segmento imobiliário. A forte atuação das duas instituições fez com que a participação dos bancos públicos na oferta de crédito do país passasse de 36% para 40%. Porém, o fenômeno não deverá ser entendido como circunstancial. O Banco do Brasil, já avisou que estuda levantar 9 bilhões de reais até 2011 com uma emissão primária de ações para reforçar seu capital. No segmento comercial, a participação do Banco do Brasil. e da Caixa Econômica Federal vem crescendo.
Em 2008, as duas instituições representavam 37% do total de ativos dos cinco maiores bancos comerciais do país - no ano passado ficaram com 42% do total. Para o país, o ativismo estatal no crédito foi fundamental durante a crise, quando a banca privada se retraiu. Porém, a despeito das inegáveis melhorias na governança de bancos públicos, como o BB, não resta dúvida que o governo - este e os próximos - tem agora um renovado poder sobre quase metade do dinheiro disponível a empresas e pessoas.
A discussão sobre o papel do Estado tornou-se muito mais complexa em anos recentes. Foi-se o tempo dos extremos, em que ainda eram levadas a sério tanto a opção socialista quanto a crença cega nos mercados. De certa forma, retomamos uma matriz clássica, já que até mesmo Adam Smith, pai da economia, era um defensor do Estado. "Ele pregava a ação estatal em áreas como segurança, administração da Justiça, provisão de bens públicos e educação", diz o economista Eduardo Giannetti. "Curiosamente, quem falou em abolição do Estado foi Marx." O fato é que o debate atual comporta várias nuances. Um exemplo: diferentes políticas podem gerar resultados discrepantes ao longo do tempo. Guinadas estatizantes podem ter um efeito benéfico no curto prazo - e retirar o elemento competitivo que gera o crescimento no longo. Além disso, a intervenção estatal não é uniforme. Há um tipo de atuação voltada para a distribuição da renda, que tem no Bolsa Família um bom exemplo. Isso é radicalmente diferente da atuação estatal na produção de bens e serviços. Que, por sua vez, nada tem a ver com maior ou menor firmeza na regulação. Ante tal gama, diferentes mix de políticas estão à disposição. É possível que o próximo governo decida ser mais atuante do lado social - gastando mais e melhor com o atendimento de saúde e educação. Mas pode escolher interferir menos no dia a dia das empresas. Nesse caso, o Estado terá crescido ou diminuído?
Frente a tais opções, voltamos à questão inicial: que Estado queremos? A experiência histórica sugere que o gigantismo não produz riquezas no longo prazo, a não ser para o pequeno grupo de privilegiados que usufruem dos recursos de todos. Ela também parece indicar que a chave do sucesso são instituições robustas e justas, compatíveis com um Estado forte. Para chegar a ele, temos muito trabalho pela frente. A faxina poderia começar com uma tesoura na infernal burocracia que cerca cidadãos e empresas a todo instante, talvez a mais gritante manifestação do Estado grande na vida nacional. Sua mão invisível está nas certidões, nos cartórios, nos documentos e nas instâncias burocráticas que atravessam o dia a dia do país. Um Estado que se pretende forte também deveria aumentar a competitividade de sua economia e estimular o crescimento abolindo a asfixia tributária que aumenta, independentemente de que partido esteja no poder. Tais medidas podem não emocionar certas plateias, ávidas por um poder mais fácil e rápido de obter. Mas o restante do país só teria a ganhar com isso.
O Estado como Máquina
A presença do Estado na economia se dá de múltiplas formas - desde a mordida no bolso dos contribuintes, por meio da cobrança de impostos, até a participação como acionista em empresas privadas. No caso do Brasil, em todas as frentes a presença do Estado é grande
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