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Estação da Luz é testemunho da riqueza do café

A São Paulo Railway tinha, então, o monopólio do transporte do café para o porto de Santos, o que explica o interesse em investir pesado numa nova estação


	Incêndio no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo
 (MARÍLIA KODIC/Imagem cedida a EXAME.com)

Incêndio no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo (MARÍLIA KODIC/Imagem cedida a EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2015 às 07h48.

São Paulo – A Estação da Luz, onde estava instalado o Museu da Língua Portuguesa, mais que um projeto totalmente inglês — de suas linhas arquitetônicas ao material usado em sua construção — é um testemunho do poder do café no começo do século passado como principal produto responsável pela expansão da cidade.

A São Paulo Railway, proprietária da estação, tinha, então, o monopólio do transporte do café para o porto de Santos, o que explica parcialmente o interesse de investir pesado numa nova estação — a de 1867 já não comportava nem as suas nem as necessidades da Metrópole.

Composta por dois blocos, uma grande edificação de alvenaria e um gare envidraçada, a Estação da Luz foi inaugurada em 1900, seguindo o mesmo padrão adotado na estações Brás e Santos.

Atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832-1900), o primeiro a desenhar uma cobertura envidraçada para uma estação ferroviária (na Inglaterra), o projeto da Estação da Luz passou por modificações no decorrer do século, entrando em decadência em 1946, quando sofreu seu primeiro incêndio — criminoso, segundo suspeitas.

Antes, em 1915, justamente há um século, o prédio já fora ameaçado por arquitetos que identificam no projeto arquitetônico da estação ferroviária certa nostalgia fora de época. Houve quem defendesse mesmo a sua demolição.

O arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933), criado na Argentina e autor de alguns prédios tombados pelo Iphan — como a estação da Mayrink — assinou dois projetos que previam o desmonte da gare.

Arquivos

Os arquivos da Rede Ferroviária Federal não têm registros de nenhum dos dois projetos. Ambos responderiam a um possível desejo do governo paulista de centralizar todas as estradas de ferro que cruzavam ou chegavam a São Paulo (Prestes Maia tentaria mais uma vez criar uma única estação central em 1930).

O fato é que a estação resistiu, embora mal. A sua degradação, logo após o fim da 2ª Guerra, acompanhou a degradação do Jardim da Luz, que virou ponto de prostituição, e também do prédio onde hoje funciona a Pinacoteca do Estado, construída em 1895, cinco anos antes da Estação da Luz, para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios.

A Pinacoteca só foi recuperada graças a uma reforma que durou cinco anos (de 1993 a 1998) e teve como arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que também assinou o projeto do Museu da Língua Portuguesa (com seu filho Pedro Mendes da Rocha).

Mendes da Rocha respeitou o projeto original da Estação da Luz, assim como o da Pinacoteca, projeto de Ramos Azevedo que pode ser igualmente classificado de eclético, por misturar diversos estilos arquitetônicos e se aproveitar das conquistas tecnológicas do fim do século 19, como as estruturas de ferro forjado.

São Paulo, que adorava o estilo neoclássico, virou o panteão da arquitetura eclética, da qual a Estação da Luz é um dos exemplos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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