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"Esquece o PSL, esquece o partido", diz Bolsonaro para apoiador

O presidente tenta se distanciar de denúncias de candidaturas-laranjas, em que depoimentos e planilha sugerem que dinheiro foi desviado para sua campanha

Bolsonaro: o partido também tem passado por disputas internas e, nos últimos meses crescem os rumores de que Bolsonaro poderia deixar o partido.  (Carolina Antunes/PR/Flickr)

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 12h01.

Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 14h30.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (08) para um apoiador esquecer o PSL , seu partido. O momento ocorreu na frente do Palácio do Alvorada quando um jovem se aproxima do presidente para gravar um vídeo.

Ele se apresenta como pré-candidato pelo PSL e fala: "Eu, Bolsonaro e Bivar junto por um novo Recife". Luciano Bivar é deputado federal por Pernambuco e presidente do partido.

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"Esquece o PSL", cochichou o presidente logo depois no ouvido do apoiador. "Não divulga isso não, ele tá queimado pra caramba", diz em seguida.

Outros apoiadores então pedem de forma veemente ao rapaz para que o vídeo seja apagado e ele consente; o vídeo divulgado não é dele, e sim de um canal de direita também presente na cena. Por insistência, o rapaz então refaz o vídeo dizendo apenas "Viva o Recife, eu e Bolsonaro!"

Bolsonaro, que já passou por oito partidos e era deputado pelo PSC, se filiou ao PSL em março do ano passado para ser candidato à Presidência, depois de negociar com o Patriota e com o PR para garantir sua candidatura.

O partido, dirigido por Luciano Bivar, entregou sua estrutura a Bolsonaro e seus apoiadores, colocando o ex-ministro e gerente de campanha do presidente, Gustavo Bebianno, temporariamente na presidência do partido.

O PSL agora é investigado por ter usado candidatas-laranjas nas eleições — mulheres que teriam sido colocadas como candidatas para cumprir a cota eleitoral obrigatória e usadas para recolher recursos do fundo eleitoral.

Na semana passada, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado pela Polícia Eleitoral e denunciado pelo Ministério Público como autor do esquema em Minas Gerais, mas foi mantido no cargo pelo presidente. Luciano Bivar é investigado em Pernambuco em esquema semelhante.

Bolsonaro tenta se distanciar das denúncias mas no domingo o jornal Folha de S. Paulo noticiou que depoimento dado à PF e planilha sugerem que dinheiro do esquema de Minas Gerais foi desviado por caixa 2 às campanhas de Antônio e do presidente. Bolsonaro nega.

O partido também tem passado por disputas internas e, nos últimos meses crescem os rumores de que Bolsonaro poderia deixar o partido.

O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira (07) que Bolsonaro confia no ministro e que não cogita deixar o PSL e trocar de partido neste momento, como vem se especulando.

Luciano Bivar

Bivar disse ontem que se trata de uma decisão unilateral de Bolsonaro ficar ou não, mas ressaltou que o partido tem um sentimento coincidente com o do presidente e que espera que ele continue na legenda.

O presidente do PSL tratou como natural as saídas de parlamentares da legenda e disse não temer um risco de debandada caso Bolsonaro saia. Também afirmou que mesmo se o presidente sair, o PSL deve seguir na base de apoio porque professa as mesmas ideias.

Bivar contou que pretende fazer uma reunião em breve, com a participação de Bolsonaro, para definir a estratégia do PSL para as eleições municipais.

Os encontros de Bolsonaro com pessoas que o esperam no Alvorada têm se tornado rotina. Há duas semanas, um apoiador disse que o amava, tirou uma foto com ele e pediu ajuda, mas sem especificar.

“Só pelo bafo, não vai ter emprego”, comentou o presidente com seu segurança particular, e deu risada.

(Com Reuters)

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