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Esporte está decepcionado, dizem atletas sobre novo ministro

Grupo liderado por Ana Moser e Raí afirma que nomeação é fruto de barganha política e que Dilma Rousseff abriu mão de melhorar a gestão do esporte no país


	George Hilton (PRB-MG): atletas criticam sua nomeação para o Ministério do Esporte
 (Divulgação)

George Hilton (PRB-MG): atletas criticam sua nomeação para o Ministério do Esporte (Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 29 de dezembro de 2014 às 16h18.

São Paulo – Em nota divulgada nesta segunda-feira, a ONG Atletas pelo Brasil, capitaneado por Ana Moser e pelo ex-jogador de futebol Raí, critica nomeação do deputado George Hilton (PRB) para o Ministério do Esporte na semana passada.

O grupo afirma que “há anos, o Ministério do Esporte é usado na barganha política. Não se trata de decidir quem seria a melhor pessoa para ocupar o cargo, mas qual partido o terá de acordo com as alianças e que decidirá a seu bel-prazer quem o representará”.

Hilton, que está em seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. 

Em 2006, ele foi flagrado com 600 mil reais distribuídos em 11 malas no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). Segundo ele, o dinheiro seria proveniente de doações de fiéis. Segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo, ele teria sido expulso do PFL devido ao fato.

"Às vésperas das Olimpíadas, a presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte", afirma o comunicado. 

Entre os sócios do grupo estão o técnico da seleção brasileira Dunga, o jogador Kaká e o nadador Gustavo Borges, entre outros. 

A expectativa é que a presidente anuncie ainda hoje os nomes que ocuparão 22 ministérios. Até agora, 18 dos 39 já foram divulgados. 


Veja a íntegra da nota:

“A Atletas pelo Brasil vem manifestar publicamente seu desapontamento com a forma de nomeação do atual Ministério do Esporte.

Somos uma organização não governamental que trabalha pela melhoria da política esportiva no Brasil. Desde 2009, trabalhamos para influenciar as decisões governamentais a fim de que haja uma legislação mais moderna, uma alocação de recursos mais eficiente, uma melhor gestão e transparência no esporte e para que o País possa pensar no esporte como fator estratégico para o desenvolvimento humano e social com importante impacto na saúde, educação e planejamento urbano.

Como diz nossa missão, queremos “melhorar o esporte para melhorar o País”. Acreditamos piamente nisto. Somos uma associação de mais de 60 atletas de relevância para o esporte.

Tivemos, junto com muitos outros, importância no passado, e continuamos tendo no presente. E, muito mais do que isso, queremos ajudar a construir um País com espirito olímpico. Desejamos uma política esportiva (educacional, de participação e de alto rendimento) que nos orgulhe e que mostre um caminho diferente, que aponte para o Esporte que o Brasil merece.

Temos trabalhado na seara política pois acreditamos na participação ativa da sociedade para as mudanças do País. No esporte, só teremos resultados expressivos e de longo prazo caso ele seja administrado com responsabilidade por nossos governantes e legisladores.

Exigimos muito mais respeito e cuidado com tudo que envolve o tema Esporte no Brasil. O que está muito longe de acontecer quando constatamos os critérios, ou a falta deles, que foram usados para a escolha do novo ministro.

Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado na barganha política. Não se trata de decidir quem seria a melhor pessoa para ocupar o cargo, mas qual partido o terá de acordo com as alianças e que decidirá a seu bel-prazer quem o representará. Nem mesmo uma familiaridade com o tema é observada, o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos.

A nomeação com critério unicamente político, na maior parte das vezes, traz consigo o aumento da ineficiência de gestão, descontinuidade da política, reinício de convencimentos e processos e tudo isso com custo aos cofres públicos.

Às vésperas das Olimpíadas, a Presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral.

E nós, atletas, não podemos mais ser mais usados simplesmente para fotos conjuntas em momentos de vitória nacional. Vamos ser francos, essas conquistas são muitas vezes obtidas a despeito da política esportiva, da legislação e da condução nacional do esporte. E, em alguns casos, encontrando até forças contrárias a dificultar o caminho. Se os governantes querem estar ao lado das vitórias, devem tomar consciência da sua enorme responsabilidade nas derrotas.

Mesmo assim, seguimos em frente pois acreditamos em um País melhor, mas reiteramos aqui hoje que, como cidadãos e cidadãs brasileiros, nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor.

Nós da Atletas pelo Brasil continuaremos prontos para ajudar, contribuir e dialogar com todos que desejam deixar um lindo legado esportivo para o País". 

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