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Escultura de Drummond em Copacabana ganha óculos novos após mais um furto

Objeto já foi furtado pelo menos treze vezes desde a inauguração, em outubro de 2022. Além dos óculos, o monumento ganhou também nova placa de identificação com o nome do poeta e o ano de inauguração

A estátua faz parte da paisagem de Copacabana — na Avenida Atlântica, em frente à Avenida Rainha Elizabeth — há quase vinte anos. (Bruna Prado/Getty Images)

A estátua faz parte da paisagem de Copacabana — na Avenida Atlântica, em frente à Avenida Rainha Elizabeth — há quase vinte anos. (Bruna Prado/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 10 de outubro de 2022 às 07h03.

A estátua do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, que atrai a atenção cariocas e turistas no calçadão de Copacabana, recebeu novos óculos na sexta-feira (7). Os anteriores haviam sido furtados em abril deste ano, no décimo terceiro ataque do tipo sofrido pelo monumento. A obra de recuperação da estátua foi realizada pela prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Conservação.

— A Prefeitura instalou câmeras que monitoram vários monumentos, incluindo a estátua de Drummond, mas os cidadãos precisam nos ajudar a combater o vandalismo. Preservar nossa cultura é conservar a história da nossa cidade — disse Anna Laura Valente Secco, secretária da pasta.

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Além dos óculos, feitos de bronze, mesmo material usado no restante da estátua, a equipe da Gerência de Monumentos e Chafarizes responsável pelo reparo instalou uma nova placa de identificação com o nome do poeta e o ano de inauguração.

A estátua faz parte da paisagem de Copacabana — na Avenida Atlântica, em frente à Avenida Rainha Elizabeth — há quase vinte anos e sua instalação fez parte das celebrações pelo centenário de Drummond, em 2022. O poeta morou no bairro desde que chegou ao Rio, na década de 1930, até sua morte em 17 de agosto de 1987. Foram apenas dois endereços: primeiro na Rua Joaquim Nabuco, 81, onde ficou até 1962, e depois na Rua Conselheiro Lafayete, 60, há três quadras de onde fica a estátua.

A peça, com aproximadamente 150 quilos, mostra Drummond sentado num banco, de costas para o mar, olhando para o calçadão. Na frente do banco é possível ler o verso “No mar estava escrita uma cidade”, do poema Mas Viveremos, que consta do seu livro A Rosa do Povo, de 1945.

Os furtos dos óculos da estátua, embora relativamente comuns, não foram as únicas notícias policiais envolvendo o monumento. Em 2014 um homem foi flagrado por câmeras de segurança pichando a escultura que depois foi limpa voluntariamente por um morador do bairro. A “ocorrência” mais curiosa envolvendo o monumento foi registrada no dia da sua inauguração. Conforme O GLOBO registrou na edição de 31 de outubro de 2022, a peça chamava a atenção por estar embrulhada em um plástico o que acabou confundindo “policiais do 19º BPM, que passaram via rádio informações sobre ‘um indivíduo que poderia estar asfixiado’”.

A escultura é inspirada em foto de Rogério Reis e foi feita pelo escultor Leo Santana, mas não foi a primeira homenagem recebida pelo poeta no bairro. Na década de 1990 o então prefeito Marcello Alencar promoveu a revitalização da pequena praça situada no cruzamento da Avenida Rainha Elizabeth com a Rua Conselheiro Lafaiete, onde fica o busto do Rei Alberto I, da Bélgica. O local foi batizado de Largo do Poeta, em referência ao ilustre morador da vizinhança.

Anos antes, em 1984, quando já se falava na reurbanização da praça e na possível homenagem, Carlos Drummond escreveu carta ao vizinho Carlos Horcades recusando a honraria. O texto, que pode ser lido na placa comemorativa existente no local, cita reportagem de O GLOBO sobre o assunto:

“Caro vizinho e xará Carlos Horcades. Achei excelente a ideia de ‘ressuscitar’ a velha pracinha aqui perto de casa, onde havia o busto do Rei Alberto. É tão bom fazer reviver aspectos do Rio que o falso urbanismo veio descaracterizando ou destruindo. Não sou pessoa influente nos negócios de Estado, por isso minha opinião é mero pronunciamento de antigo morador do Posto 6. O que me causou espanto, contudo, foi ler no Globo que a pracinha terá o meu nome resumido no de minha família. Isso Não. A lei proíbe homenagem a pessoas vivas para a identificação de logradouros públicos, e entendo que precisa ser respeitado. Além do mais, o lugar pertence de justiça ao Rei Alberto, muito mais herói do que este velho escriba... Grato pela atenção, o abraço e a simpatia de Carlos Drummond de Andrade.”

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