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ES investiga se houve participação de policiais em homicídios

Segundo secretário, há pelo menos 30 denúncias na ouvidoria de Direitos Humanos relacionando crimes com suspeita de participação de policiais

Violência no ES: secretário disse que vai "radicalizar com quem quiser radicalizar" (Paulo Whitaker/Reuters)

Violência no ES: secretário disse que vai "radicalizar com quem quiser radicalizar" (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 14h35.

Vitória - O governo do Espírito Santo afirmou que está fazendo um pente-fino nos 146 homicídios ocorridos no Estado desde o início da paralisação da Polícia Militar e de que há indícios da participação de policiais em parte deles.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, já há mais de 30 denúncias na ouvidoria nacional de Direitos Humanos sobre isso.

Garcia também afirmou que há grupos "radicais" em meio ao movimento que participa do motim e prometeu que o governo vai "radicalizar com quem quer radicalizar".

As declarações foram dadas no fim da manhã desta terça-feira, 14, que marca o 11º dia de motim no Espírito Santo.

"Nós não temos nenhum embate com a Polícia Militar, pelo contrário. A PM faz parte do Estado, faz parte do governo. É uma instituição que nós temos o dever de preservar", declarou Garcia, em entrevista coletiva concedida em seu gabinete.

"Mas temos, sim, neste movimento, um grupo radicalizado que tenta desesperadamente, com ameaças e atentados, mostrar à sociedade que o movimento ainda tem força."

O secretário afirmou que já há uma força-tarefa atuando exclusivamente em função disso. Ela é formada também por agentes federais.

"Estamos fazendo um pente-fino em todos os homicídios. Já há mais de 30 denúncias na ouvidoria nacional de Direitos Humanos, em Brasília, de crimes praticados no Espírito Santo com suspeita da participação de policiais", declarou.

"Estamos entrando em contato com a ouvidoria porque queremos instruir da melhor forma possível nossos inquéritos. Todos esses homicídios serão investigados e, se houver a participação de militares, de milicianos - que é isso que está se formando neste Estado, milícias radicais -, elas serão combatidas", assegurou. "A segurança pública não pode ficar à mercê de grupos armados, organizados, que pleiteiam qualquer tipo de reivindicação."

Ainda segundo o secretário, "quem aposta em enfrentar a sociedade e o Estado, tem de ter uma resposta na lei". "Vamos restabelecer a ordem e enfrentar quem quer radicalizar. Vamos conversar com quem quer conversar."

Garcia também prometeu uma visita ao frei Pedro Engel, de 80 anos, que ficou com escoriações após ser rendido por assaltantes no Convento da Penha, na tarde desta segunda-feira, 13.

"Esse assalto cometido ontem (13), no Convento da Penha, também faz parte do nosso rol de investigações especiais", afirmou. "Estamos investigando essa ação suspeita com muito rigor."

Normalidade

A Grande Vitória teve uma manhã parecida com a de segunda-feira, com transito intenso e retomada gradativa do comércio e dos serviços. O transporte público está funcionado.

Algumas lojas, contudo, permanecem fechadas, principalmente nos bairros. Segundo a Polícia Militar, 1.900 PMs atenderam ao chamamento operacional no Estado até a manhã desta terça-feira. Desses, 700 atuam na Grande Vitória.

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