Emendas parlamentares e novas regras de transparência (Gustavo Moreno/STF/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 17h59.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, marcou uma sessão extra do plenário virtual para esta segunda-feira, 2 de dezembro. O objetivo é analisar a decisão do ministro Flávio Dino, que determinou a liberação das emendas parlamentares, impondo novas regras de execução e transparência.
A sessão começará às 18h de segunda-feira e se estenderá até as 23h59 de terça-feira. Dino havia liberado os pagamentos das emendas, que estavam represados desde agosto, 13 dias após o Congresso aprovar um projeto com novas regras. Porém, o ministro impôs critérios de transparência não previstos no projeto aprovado.
De acordo com a decisão de Dino, as verbas das emendas de comissão e dos restos a pagar das antigas emendas de relator (conhecidas como orçamento secreto) só poderão ser executadas caso o parlamentar solicitante seja identificado nominalmente no Portal da Transparência. Além disso, a execução das emendas deverá constar em outro portal, o Transferegov.
O ministro também estabeleceu que, para as transferências especiais, conhecidas como “emendas Pix”, o pagamento só ocorrerá após a apresentação de um plano de trabalho, que deve detalhar o objeto e os prazos para a obra contemplada. Esse plano precisa ser aprovado pelo governo federal. No caso de emendas já enviadas, foi estabelecido um prazo de 60 dias para a apresentação do plano.
O ministro também especificou que as emendas para a Saúde deverão seguir "orientações e critérios técnicos" estabelecidos pelo Ministério da Saúde e por comissões que reúnem gestores estaduais e municipais. Além disso, ele reforçou que nas emendas de bancada estaduais, não pode ocorrer o "rateio", ou seja, a divisão dos valores entre os parlamentares. A verba deverá ser destinada exclusivamente para "projetos e ações estruturantes".
Outra medida importante foi a imposição de um teto para o crescimento das emendas parlamentares. Foram definidas três balizas: as despesas discricionárias do Executivo, o limite de crescimento do arcabouço fiscal ou a variação da receita corrente líquida (RCL). Dessa forma, o valor das emendas não poderá crescer mais do que o menor desses três índices a cada ano.
Flávio Dino argumentou que esse limite é necessário para evitar que "quaisquer regras, restrições ou impedimentos às programações orçamentárias discricionárias do Poder Executivo sejam aplicáveis" ao conjunto das emendas parlamentares. O magistrado também criticou o aumento das emendas, afirmando que "nenhuma despesa no Brasil teve uma trajetória similar em desfavor da responsabilidade fiscal".
Os parlamentares vinham pressionando pela liberação das emendas, argumentando que cumpriram o acordo firmado com o STF e o governo federal após a criação de novas regras para as emendas parlamentares. O projeto aprovado pelo Congresso foi fruto de um acordo entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o governo federal e o STF.
A decisão de liberar os pagamentos foi tomada na ação que declarou o orçamento secreto inconstitucional em 2022. Após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, Flávio Dino assumiu a relatoria do caso e determinou restrições ao pagamento das emendas, com base em práticas semelhantes ao orçamento secreto.