Trabalhador da Sabesp caminha no chão rachado da represa de Jaguary, em Bragança Paulista, interior de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 20h56.
São Paulo - No último mês, a primeira coisa que a pernambucana Maria Valdeci dos Santos, de 70 anos, faz depois que acorda é ver se tem água nas torneiras. Antes de tomar café, enche três baldes e todo o tanque de lavar roupa com água, para enfrentar as tardes e noites sem abastecimento. O bairro onde ela mora, o Von Zuben, na periferia de Vinhedo, interior de São Paulo, enfrenta racionamento desde dezembro.
"Todo final de tarde tem faltado água por aqui e quem não tem caixa dágua em casa tem de se virar do jeito que pode para conseguir tomar banho, lavar uma louça e as roupas", conta. Em Vinhedo, na região de Campinas, uma das mais afetadas do Estado, a autarquia municipal de abastecimento realiza desde dezembro o "rodízio por demanda" de água. Por meio de um sistema de monitoramento, quando é notada a falta de água em uma região, é interrompido o fornecimento em outras áreas que estavam com o abastecimento normal para a atender o local com problema.
"Se continuar sem chuvas nos próximos 20 dias, a situação vai complicar na cidade", disse o superintendente do órgão, José Francisco Beltramini. Além da água captada no Rio Capivari ter diminuído, as três represas locais estão pela metade. "Eu tenho mulher operada, um recém-nascido e mais duas crianças e tem faltado água todo dia", afirmou Billy Douglas Silva, de 29 anos.
Ele mora no bairro Capela, área alta e densamente habitada onde mais tem faltado água, e anda mais de oito quilômetros de carro para buscar água no Aquários, uma fonte de água tratada pública da cidade. "Chego a fazer isso quatro vezes no dia". Além de Vinhedo, Valinhos já realiza rodízio. Americana, Artur Nogueira, Jaguariúna e Pedreira também trabalham com a possibilidade de racionamento nos próximos dias.