Em nova vinheta, SBT resgata slogan da ditadura militar
"Brasil: ame-o ou deixe-o" foi amplamente utilizado durante o governo Médici, de 1969 a 1974
Clara Cerioni
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 18h31.
Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 14h12.
São Paulo - Nesta terça-feira (6), uma vinheta do SBT chamou atenção dos telespectadores e internautas brasileiros.
A emissora de Silvio Santos fez um vídeo usando imagens do Brasil que concluem com os dizeres: Brasil, ame-o ou deixe-o.
Esse era um dos slogans mais comuns no período da ditadura militar. A trilha sonora que embala a vinheta é o hino nacional. O vídeo não traz a marca da emissora.
A assessoria informou que a inserção é uma peça do SBT, mas não explicou o porquê da vinheta por “questões estratégicas”.
Ontem mesmo o vídeo foi removido e, segundo a emissora, foi um equívoco não se atentar para o uso do slogan.
"A vinheta com o bordão 'Brasil, ame-o ou deixe-o' foi retirada do ar. A emissora cometeu um equívoco de não se atentar que este bordão foi forte na época do regime militar. A ideia das vinhetas é passar uma mensagem de união, esperança e otimismo aos telespectadores brasileiros e aos que não são, porém vivem no país”, disse por comunicado o SBT.
O slogan surgiu durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, entre 1969 e 1974, período marcado pela forte repressão e que ficou conhecido como "Anos de Chumbo".
De acordo com o site Notícias da TV, as inserções foram um pedido do Silvio Santos para se aproximar do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Além dessa inserção, há outras vinhetas enaltecendo o Brasil e acompanhadas de músicas que fizeram sucesso durante a ditadura.
A candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad, Manuela D'ávila, se manifestou em seu Twitter sobre a propaganda do SBT. Segundo ela, usar o slogan popular na ditadura é repudiar a democracia e a Constituição de 88.
"Eu te amo meu Brasil, eu te amo, meu coração é” e “Brasil ame-o ou deixe-o” são propagandas da ditadura militar. Nós amamos o BR. O de todas as cores, credos e opiniões políticas. Enaltecer a ditadura não é amar ao Brasil, mas repugnar a democracia e as conquistas da Constituição de 88. Brasil, ame-o ou deixe-o" não é sobre amor e patriotismo. É sobre a violência do exílio e do desterro. Tirem o cavalinho da chuva: VAMOS FICAR, lutar e defender a democracia. Por amor ao Brasil', disse.
Veja um dos tuítes que traz a reprodução do vídeo:
*Atualizado às 19h50 com a informação do UOL de que a vinheta foi tirada do ar