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Em guerra com facção local, PCC tem 400 membros em presídios no Paraguai

O Primeiro Comando da Capital (PCC) ganhou força no Paraguai nos últimos três anos, após a morte de um líder do tráfico local

PCC: em 2018, 97 presos brasileiros foram extraditados do Paraguai (Reprodução/Reuters)

PCC: em 2018, 97 presos brasileiros foram extraditados do Paraguai (Reprodução/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de junho de 2019 às 14h23.

São Paulo — Autoridades paraguaias já estimam haver cerca de 400 membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em presídios do país vizinho. Segundo ele, 90% das cadeias têm detentos ligados ao grupo criminoso.

No Paraguai desde 2010, o PCC ganhou força nos últimos três anos, após a morte de um líder do tráfico local. No domingo, 16, rebelião liderada pela facção na penitenciária da cidade de San Pedro del Ycuamandyyu terminou com 10 mortos.

O PCC começou a se infiltrar no Paraguai em 2010, quando um de seus líderes, Elton Leonel da Silva, o Galã, foi à região na tentativa de eliminar intermediários para trazer drogas daquele país. Logo Galã percebeu que o tráfico local era controlado por Jorge Toumani Rafaat, o "rei da fronteira" e, com o apoio da facção carioca Comando Vermelho (CV), montou um plano para matar o rival.

Rafaat foi executado numa ação cinematográfica, em Pedro Juan Caballero, em junho de 2016. Rapidamente, o PCC começou a ocupar os espaços deixados, entrando em conflito com os interesses do CV.

A guerra entre as duas facções já produziu mais de uma centena de mortes na região de fronteira. Além da disputa das rotas de tráfico, os grupos passaram a arregimentar mão de obra nas prisões. Para manter seu poder sobre os seguidores, os criminosos cooptam agentes e dirigentes do sistema prisional.

Em resposta à ofensiva das facções, o governo paraguaio passou a expulsar os bandidos. Em 2018, foram extraditados 97 presos brasileiros, 60% mais que no ano anterior. Entre os expulsos, estão líderes do PCC, como Thiago Ximenes, conhecido como Matrix, entregue à polícia brasileira em março, e Jarvis Chimenez Pavão, vinculado ao CV, extraditado em novembro.

Rebelião

A suspeita das autoridades paraguaias é de que a rebelião desta semana no presídio San Pedro del Ycuamandyyu ocorreu por uma briga entre o PCC e a facção local, conhecida como Clã Rotela, pelo comando da cadeia. Além dos dez mortos, que foram decapitados, queimados ou baleados, houve 12 feridos.

"O que sabíamos é que essa gente do clã Rotela trabalhava antes com o PCC. Não tivemos a informação de que esse tipo de confronto pudesse acontecer", disse o ministro da Justiça paraguaio, Julio Javier Ríos. Segundo as investigações preliminares, o massacre está relacionado ao assassinato de dois detentos na sexta-feira, 14, no presídio de Tacumbú, em Assunção.

Na ocasião, membros do PCC executaram dois presos e deixaram outro ferido, durante "batismo de sangue" da facção para admitir novos integrantes. As vítimas seriam do clã Rotela. Dois presos envolvidos nessas mortes foram transferidos para San Pedro e, ao encontrarem o grupo criminoso rival, houve confronto.

O governo anunciou nesta segunda-feira, 17, a destituição do diretor do presídio de San Pedro, Wilfrido Quintana, e do diretor de Estabelecimentos Penitenciários do Paraguai, Blaz Martínez. Segundo ele, as primeiras apurações indicam que as recentes matanças em unidades prisionais do país podem ter acontecido devido à negligência ou cumplicidade dos agentes penitenciários, com a omissão dos dirigentes.

O ministro Ríos afirmou que os membros do PCC envolvidos nos assassinatos podem ser expulsos do país. Ele admitiu, porém, que alguns membros da facção já têm documentos paraguaios, o que dificulta a extradição. "Há muitos criminosos poderosos dentro do sistema, não só do clã Rotela, como também do PCC, do Comando Vermelho e de outros paraguaios que atuam em negócios sujos", afirmou.

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