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Em artigo, Moro alfineta quem critica prisões da Lava Jato

Segundo ele, as críticas “refletem, no fundo, o lamentável entendimento de que há pessoas acima da lei”.

 (Diego Vara/Reuters)

(Diego Vara/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 4 de março de 2017 às 21h17.

Última atualização em 4 de março de 2017 às 23h18.

São Paulo -- Na visão do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, há ao menos um motivo para as (recorrentes) críticas às prisões sem julgamento da operação: o fato do grupo de presos em questão ser formado por pessoas “ilustres”.

É o que ele afirma em artigo publicado na edição desta semana da revista VEJA. “A questão real  - e é necessário ser franco sobre isso - não é a quantidade, a duração ou as colaborações decorrentes, mas a qualidade das prisões”, escreve. “O problema não são as 79 prisões ou os atualmente presos sem julgamento, mas sim que se trata de presos ilustres”.

Com isso, segundo ele, as críticas “refletem, no fundo, o lamentável entendimento de que há pessoas acima da lei”.

De acordo com magistrado, em três anos, a Lava Jato decretou 79 prisões preventivas que, segundo ele, não duraram mais do que alguns meses. Hoje, ele afirma, são apenas sete acusados nessas condições.

Moro sustenta que esse número é “significativo” mas pequeno se comparado com a Operação Mãos Limpas, na Itália, que prendeu, só em Milão, 800 pessoas sem julgamento durante os três primeiros anos.

Ele também rebate o argumento de que as prisões teriam o objetivo de pressionar suspeitos a firmar acordos de delação premiada. “A maioria dos acusados decidiu colaborar quando estava em liberdade, e há acusados presos que resolveram colaborar e acusados presos que não colaboraram”, afirma Moro.

Sem divulgar nomes, mas em clara referência à Odebrecht, Moro afirma que foi a prisão preventiva em junho de 2015 de executivos da empreiteira que desmantelou o departamento de propinas da empresa. Não fosse isso, na visão dele, “o departamento de propina ainda estaria em plena atividade”.

Para Moro, “se a firmeza que a dimensão dos crimes descobertos reclama não vier do Judiciário, que tem o dever de zelar pelo respeito às leis, não virá de nenhum outro lugar”.

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, há 221.054 presos provisórios hoje no país.

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