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Eduardo Campos quer fatiar reforma tributária

Segundo pré-candidato do PSB, país precisa cortar gastos e de uma reforma tributária fatiada, mas sem perder conquistas sociais

Pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, durante entrevista com a Reuters em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2014 às 17h51.

São Paulo - O Brasil precisa cortar gastos ruins de custeio da máquina pública e de uma reforma tributária fatiada, mas sem perder conquistas sociais ou reduzir direitos trabalhistas, disse o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos . Para ele, isso depende fundamentalmente de uma mudança na governança política.

O socialista de 48 anos defendeu também, em entrevista exclusiva à Reuters nesta quinta-feira em São Paulo, que a Petrobras tenha uma política clara e que seja pública de reajustes de combustíveis a exemplo do que ocorre com tarifas de energia e telefonia.

"Nós vamos conter a inflação, nós vamos fazer o Brasil crescer, nós vamos alavancar os investimentos no Brasil, nós vamos conter o gasto ruim, nós vamos fazer o dever de casa que precisa ser feito", prometeu.

"Não vamos fazer isso perdendo conquistas sociais, não vamos fazer isso sacrificando o direito dos trabalhadores. Vamos fazer isso com uma governança inteligente, passando confiança aos investidores, tendo coragem de fazer os cortes que a máquina pública precisa." Tudo isso, na visão de Campos, só será possível com a mudança na relação política, considerada por ele a barreira mais importante a ser vencida.

"Agora é um novo ciclo, o padrão político brasileiro está vencido, o padrão de governança do Estado está vencido", disse ele, que luta para vencer o desconhecimento do eleitorado e quebrar a polarização de PT e PSDB, que governam o país há 19 anos.

"Quem falar isso para o Brasil vai encantar a vida brasileira e vai ter o apoio da sociedade para fazer mudanças", disse o pernambucano, que anunciou na semana passada a chapa com a ex-senadora Marina Silva para disputar a Presidência.

Segundo ele, se o Brasil pôde derrotar a ditadura, não há por que duvidar que é possível vencer "a velha política que está em Brasília". "Essa é a trincheira que tem que ser derrotada para abrir um novo tempo e um novo ciclo (no país)", disse Campos.


"Para mim é muito claro o diagnóstico de que a primeira das mudanças... é uma mudança na política", insistiu o ex-governador de Pernambuco, que numa conversa de quase uma hora evitou se comprometer com metas fiscais.

Petrobras

Se eleito, Campos disse que determinará que a Petrobras tenha uma política clara de reajuste para os combustíveis, semelhante ao que ocorre com outros segmentos da economia.

"O setor de energia tem uma regra, telefonia tem uma regra, a passagem de ônibus tem uma regra. Há um preço transversal na economia em questão que é o preço do combustível. Ele tem que ter uma regra. E essa regra tem que estar na equação da política macroeconômica", afirmou o pré-candidato. "Não é a política macroeconômica definir a regra (de reajuste dos combustíveis) em função de sua conveniência."

A Petrobras vem enfrentando deterioração de sua saúde financeira nos últimos anos, entre outras razões pela defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno em relação ao valor do petróleo no exterior e diante de um ambicioso plano de investimentos da estatal.

Campos também promete profissionalizar a gestão da estatal para blindá-la da ingerência política.

Redução da Carga Tributária

Campos deseja que a reforma tributária seja feita de forma fatiada e acredita que terá condições de avançar rapidamente com as mudanças, se eleito, porque "já está tudo debatido". Ele pretende enfrentar as resistências estabelecendo mudanças num horizonte de até 12 anos.

"Eu acho que simplificando (a cobrança de tributos) e tornando o sistema mais inteligente, temos como reduzir a carga tributária", afirmou, evitando se comprometer com um percentual de redução.


A carga tributária brasileira gira em torno de 37 por cento e é apontada como um dos entraves para o crescimento da economia.

Campos disse ainda que, se eleito, vai manter a lógica de conceder reajustes reais ao salário mínimo, mas pretende discutir a atual fórmula.

Pesquisas

Campos minimizou o desempenho que vem tendo nas pesquisas de intenção de voto e argumentou que as pessoas ainda não estão pensando na eleição. Por isso, segundo ele, os candidatos de oposição não se aproximam da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.

O socialista está em terceiro, com 10 por cento das intenções de voto, atrás do pré-candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), que registrou 16 por cento no último levantamento Datafolha, e de Dilma, que tem 38 por cento.

"O humor do eleitorado é de inquietação... E qual o vento que sopra? 73 por cento dizem que querem mudanças. Esse é o dado importante", argumentou Campos, que acredita ter mais chances de capitalizar esse sentimento por representar uma quebra da polarização entre petistas e tucanos, da qual as pessoas estariam fartas.

O ex-governador de Pernambuco afirmou ainda que chegou a hora de ter uma visão de longo prazo sobre o país, sem pensar apenas em uma gestão. "Isso é uma visão medíocre que tem que ser superada", disse.

"Não é um debate gerencial, é um debate de liderança, sobre qual o novo pacto que precisa ser construído", afirmou.

Texto atualizado com mais informações às 17h49min do mesmo dia.

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São Paulo - O Brasil precisa cortar gastos ruins de custeio da máquina pública e de uma reforma tributária fatiada, mas sem perder conquistas sociais ou reduzir direitos trabalhistas, disse o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos . Para ele, isso depende fundamentalmente de uma mudança na governança política.

O socialista de 48 anos defendeu também, em entrevista exclusiva à Reuters nesta quinta-feira em São Paulo, que a Petrobras tenha uma política clara e que seja pública de reajustes de combustíveis a exemplo do que ocorre com tarifas de energia e telefonia.

"Nós vamos conter a inflação, nós vamos fazer o Brasil crescer, nós vamos alavancar os investimentos no Brasil, nós vamos conter o gasto ruim, nós vamos fazer o dever de casa que precisa ser feito", prometeu.

"Não vamos fazer isso perdendo conquistas sociais, não vamos fazer isso sacrificando o direito dos trabalhadores. Vamos fazer isso com uma governança inteligente, passando confiança aos investidores, tendo coragem de fazer os cortes que a máquina pública precisa." Tudo isso, na visão de Campos, só será possível com a mudança na relação política, considerada por ele a barreira mais importante a ser vencida.

"Agora é um novo ciclo, o padrão político brasileiro está vencido, o padrão de governança do Estado está vencido", disse ele, que luta para vencer o desconhecimento do eleitorado e quebrar a polarização de PT e PSDB, que governam o país há 19 anos.

"Quem falar isso para o Brasil vai encantar a vida brasileira e vai ter o apoio da sociedade para fazer mudanças", disse o pernambucano, que anunciou na semana passada a chapa com a ex-senadora Marina Silva para disputar a Presidência.

Segundo ele, se o Brasil pôde derrotar a ditadura, não há por que duvidar que é possível vencer "a velha política que está em Brasília". "Essa é a trincheira que tem que ser derrotada para abrir um novo tempo e um novo ciclo (no país)", disse Campos.


"Para mim é muito claro o diagnóstico de que a primeira das mudanças... é uma mudança na política", insistiu o ex-governador de Pernambuco, que numa conversa de quase uma hora evitou se comprometer com metas fiscais.

Petrobras

Se eleito, Campos disse que determinará que a Petrobras tenha uma política clara de reajuste para os combustíveis, semelhante ao que ocorre com outros segmentos da economia.

"O setor de energia tem uma regra, telefonia tem uma regra, a passagem de ônibus tem uma regra. Há um preço transversal na economia em questão que é o preço do combustível. Ele tem que ter uma regra. E essa regra tem que estar na equação da política macroeconômica", afirmou o pré-candidato. "Não é a política macroeconômica definir a regra (de reajuste dos combustíveis) em função de sua conveniência."

A Petrobras vem enfrentando deterioração de sua saúde financeira nos últimos anos, entre outras razões pela defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno em relação ao valor do petróleo no exterior e diante de um ambicioso plano de investimentos da estatal.

Campos também promete profissionalizar a gestão da estatal para blindá-la da ingerência política.

Redução da Carga Tributária

Campos deseja que a reforma tributária seja feita de forma fatiada e acredita que terá condições de avançar rapidamente com as mudanças, se eleito, porque "já está tudo debatido". Ele pretende enfrentar as resistências estabelecendo mudanças num horizonte de até 12 anos.

"Eu acho que simplificando (a cobrança de tributos) e tornando o sistema mais inteligente, temos como reduzir a carga tributária", afirmou, evitando se comprometer com um percentual de redução.


A carga tributária brasileira gira em torno de 37 por cento e é apontada como um dos entraves para o crescimento da economia.

Campos disse ainda que, se eleito, vai manter a lógica de conceder reajustes reais ao salário mínimo, mas pretende discutir a atual fórmula.

Pesquisas

Campos minimizou o desempenho que vem tendo nas pesquisas de intenção de voto e argumentou que as pessoas ainda não estão pensando na eleição. Por isso, segundo ele, os candidatos de oposição não se aproximam da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.

O socialista está em terceiro, com 10 por cento das intenções de voto, atrás do pré-candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), que registrou 16 por cento no último levantamento Datafolha, e de Dilma, que tem 38 por cento.

"O humor do eleitorado é de inquietação... E qual o vento que sopra? 73 por cento dizem que querem mudanças. Esse é o dado importante", argumentou Campos, que acredita ter mais chances de capitalizar esse sentimento por representar uma quebra da polarização entre petistas e tucanos, da qual as pessoas estariam fartas.

O ex-governador de Pernambuco afirmou ainda que chegou a hora de ter uma visão de longo prazo sobre o país, sem pensar apenas em uma gestão. "Isso é uma visão medíocre que tem que ser superada", disse.

"Não é um debate gerencial, é um debate de liderança, sobre qual o novo pacto que precisa ser construído", afirmou.

Texto atualizado com mais informações às 17h49min do mesmo dia.

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