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Economista orienta consumidor a reorganizar orçamento e aumentar disciplina

Preocupação das autoridades com a inflação do início do ano não é novidade, diz professor

“[A inflação] ameaça extrapolar o limite da meta, sim. E em fevereiro, ela tende a ser ainda pior. A inflação pode fechar fora do limite", diz Robson Gonçalves, professor da FGV (Divulgação)

“[A inflação] ameaça extrapolar o limite da meta, sim. E em fevereiro, ela tende a ser ainda pior. A inflação pode fechar fora do limite", diz Robson Gonçalves, professor da FGV (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2011 às 17h15.

Brasília - A inflação ameaça extrapolar este ano o limite da meta de 6,5%, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), afirma o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Robson Gonçalves. Ele concorda, em parte, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a sazonalidade da inflação, no início do ano, fortemente influenciada por reajustes nos setores de transporte e educação.

Na última terça-feira (8), ao comentar o resultado do IPCA em janeiro, o ministro disse que a inflação deve começar a recuar em março.

Gonçalves lembra que a preocupação das autoridades com a inflação do início do ano não é novidade. Tanto que, antigamente, quando havia planos econômicos e congelamentos de preço, as decisões eram tomadas no final de fevereiro, exatamente quando passava essa onda sazonal.

Para o professor, o problema é que a sazonalidade agora é marcada por um momento de inflação alta. “[A inflação] ameaça extrapolar o limite da meta, sim. E em fevereiro, ela tende a ser ainda pior. O ministro disse que há um pico, mas a inflação pode fechar fora do limite.”

Ele aconselha consumidores que compraram à prestação a fazer um grande esforço para reorganizar o orçamento doméstico e aumentar a disciplina com os gastos. Gonçalves avalia que o excesso de crédito durante o período de crise financeira pode ser um problema, porque muitos consumidores ainda têm prestações a pagar, ao mesmo tempo em que os preços vão pressionar e corroer o orçamento familiar ao longo deste ano.

“Essa disciplina nos gastos é muito importante, especialmente para quem está com dívidas do ano passado. Não vai haver a mesma sobra de renda que houve, devido ao aumento de preços.”

O professor da FGV destacou também a decisão do governo de cortar R$ 50 bilhões do Orçamento da União. Para ele, o governo gastou muito por conta da crise e para estimular a demanda. “Agora, a procura excessiva está pressionando os preços, além desses outros fatores que o ministro citou. Qualquer medida que tire a responsabilidade exclusiva do Banco Central de combater a inflação com os juros é necessária”.

Já o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho Federal de Economia, Newton Marques, é mais otimista em relação às declarações de Mantega sobre o controle da inflação. Para ele, houve realmente um surto mundial de inflação com a elevação do preço e do custo de vida, mas que deve se reverter.


Ele admite a existência da pressão da demanda devido ao crescimento da economia brasileira com “altas taxas”, mas também com consequências para os preços de bens e serviços. “Ninguém tem dúvida de que o governo, por meio de políticas públicas, reforça esse tipo de demanda. O setor privado anda consumindo e o setor público passa a consumir, isso também pressiona.”

Ele citou a primeira prévia de fevereiro do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), utilizado como referência para reajustes em contratos como de aluguel, água e luz, que ficou em 0,66%. “É um conjunto de coisas, difícil dizer o que está provocando a inflação.”

Marques enfatiza, no entanto, que não dá para afirmar que as pressões inflacionárias se sustentarão, pois a agropecuária, por exemplo, já começa a dar sinais positivos. “O preço da carne já caiu, assim como de outros produtos. Então, a minha tendência é concordar com o ministro Mantega”.

Quanto aos cortes, o professor de economia da UnB disse que a medida é bem-vinda, porque vai ajudar no combate da inflação e na redução da dívida pública.
 

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