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Economia, notícias negativas e base desiludida: os vetores da queda de Lula nas pesquisas

Os dados do estudo mostram que crescimento da desaprovação acompanha o aumento da percepção de que o país está na direção errada e de que a economia piorou nos últimos 12 meses

Lula: piora na avaliação cresceu junto com a perceção negativa da economia (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Lula: piora na avaliação cresceu junto com a perceção negativa da economia (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 5 de abril de 2025 às 08h01.

O recorde de reprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrado na pesquisa Genial/Quaest revela que três pontos pode ser explicada por três pontos. O aumento da percepção negativa da economia, as notícias ruins com mais destaques que as positivas e a alta da insatisfação entre apoiadores e eleitores históricos de governos petistas.

Ao olhar a pesquisa no detalhe, os números mostram uma correlação entre todos os pontos citados. A percepção de que o país está na direção errada saiu de 46% para 56% desde dezembro, e a de que a economia piorou nos últimos 12 meses cresceu de 40% para 56% no mesmo período. A desaprovação avançou nove pontos percentuais no mesmo período.

A sensação de alta no preço dos alimentos, dos combustíveis, da conta de água e luz e de perda de poder de compra, inclusive, é generalizada — e também se correlaciona positivamente com a desaprovação do governo. Os dados sugerem que a economia tem papel central na avaliação negativa do governo.

Mais notícias negativas do que positivas

O segundo ponto que contextualiza a desaprovação está diretamente relacionado com a comunicação do governo. A maioria dos entrevistados afirma que são mais impactados com notícias negativas do que positivas da gestão petista.

No histórico do levantamento, o percentual de notícias positivas e negativas sempre estiveram próximas. A partir de outubro, porém, o percentual de entrevistados que veem mais notícias ruins do governo descolou e subiu. Na última pesquisa chegou a 47%, uma alta de 11 pontos percentuais em seis meses.

No mesmo período, o número de pessoas que falaram que viram mais notícias positivas caiu 13 pontos percentuais e ficou em 23%.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) tem adotado uma estratégia para mudar esse cenário desde que Sidônio Palmeira assumiu a pasta em janeiro deste ano.

O governo tem recorrido a peças publicitárias, anúncios em rede nacional e mobilizações em redes sociais para tentar reverter a tendência negativa detectada em pesquisas. A pesquisa desta semana, porém, não mostrou um resultado no curto prazo dessas medidas.

Desaprovação em alta entre mulheres e no Nordeste

Um possível resultado desses dois primeiros fatores é o aumento da insatisfação entre grupos que historicamente aprovam o governo. As mulheres, pela primeira vez, mais desaprovam do que aprovam o governo Lula. O percentual passou de 47% para 53%, enquanto a aprovação caiu de 49% para 43%.

O grupo, apontado por especialistas em opinião público como mais sensível a políticas públicas e menos a paixões políticas, acompanha a desaprovação e o descontentamento com a economia de todos os grupos pesquisados.

O Nordeste, tradicional reduto petista, teve alta de nove pontos percentuais da desaprovação e a queda de sete pontos da aprovação. A avaliação positiva ainda supera a negativa, mas a tendência de queda mostra o aumento da insatisfação na região.

Outro grupo que está avaliando o governo mais de forma negativa são das pessoas que recebem até dois salários mínimos. O percentual de aprovação caiu 11 pontos percentuais, enquanto a reprovação subiu 11 pontos.

Para recuperar a aprovação, o governo parece seguir os pontos revelados pelas últimas pesquisas. No último mês, liberou o saldo retido do FGTS, lançou um novo consignado para trabalhadores CLT e criou uma nova faixa do Minha Casa, Minha Vida, para favorecer a classe média brasileira.

Além disso, existe a aposta na aprovação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000, que entrará em vigor em 2026.

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