Doria teve ampla liberdade para mudar orçamento, diz Haddad
O petista rebateu as alegações de Doria, de que contingenciamentos no orçamento deste ano foram necessários por causa de falhas na gestão de Haddad
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 15h21.
São Paulo - A assessoria do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) rebateu nesta terça-feira, 31, as alegações da gestão João Doria (PSDB) de que contingenciamentos no orçamento deste ano foram necessários por causa de falhas na proposta orçamentária apresentada ano passado pelo petista.
Como a reportagem informou nesta terça, Doria congelou R$ 2,6 bilhões em recursos de custeio da Saúde e da Educação, contra R$ 867 milhões congelados por Haddad no ano passado.
O tucano, por outro lado, fez a tesoura pesar menos nas áreas de comunicações, de urbanismo (que cuida da zeladoria urbana) e de transportes (que financia o congelamento da tarifa de ônibus).
Na nota enviada pela equipe de Haddad, o petista começa dizendo que "a peça orçamentária do exercício de 2017 foi encaminhada a Câmara Municipal em setembro de 2016 e, portanto, elaborada com as informações disponíveis até agosto de 2016".
"Depois de enviada ao Legislativo passou por revisões na Comissão de Orçamento e Finanças do Legislativo e com ampla liberdade para que a equipe de transição fizesse os ajustes orçamentários que julgassem pertinentes."
O único pedido da gestão Doria foi o deslocamento de R$ 200 milhões de recursos do Fundo Municipal de Trânsito para a verba de publicidade. O objetivo seria divulgar ações do programa Marginal Segura.
"Algumas realocações orçamentárias foram propostas e aprovadas para que a peça orçamentária ficasse adequada ao novo governo, mas não houve por parte da equipe de transição pedido de ajustes em relação ao orçamento de pessoal da área de educação, o que teria sido prontamente atendido", segue o texto.
O petista comentou ainda o fato de verbas de investimento em obras terem sido transferidas para pagamentos de salários de professores, como este blog informou na semana passada: "Fundamental frisar que a efetiva despesa de pessoal da Educação de 2017 depende de inúmeros fatores, como número efetivo de exonerações no final de 2016 e no ano de 2017, aposentadorias no final de 2016 e no ano de 2017, realização ou não de novas nomeações em 2017, número de promoções e progressões, etc."
"Assim, o valor previsto originalmente no orçamento e agora ampliado pode ser atingido ou não, dependendo do comportamento dessas variáveis. Ou seja, imputar a previsão orçamentária encaminhada em setembro do ano passado a responsabilidade pelas decisões tomadas em 2017 não parece corresponder a realidade", segue Haddad.
Por fim, o petista afirma que é "importante destacar que no dia 28 de janeiro de 2017 foram publicados os demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal de 2016, elaborados e assinados pelo novo Governo (inclusive o prefeito Dória). No demonstrativo de disponibilidade de caixa ficou provado que a gestão Haddad deixou R$ 5,5 bilhões em caixa, gerando um superávit financeiro global de R$ 3,3 bilhões e mais de R$ 500 milhões em recursos não vinculados".
"Ou seja, mesmo diante do pior quadro econômico da história do país e enquanto a maioria dos governos fechou em déficit", afirma Haddad, "a gestão Doria recebeu a Prefeitura com recursos em caixa, com superávit financeiro robusto e o menor nível de endividamento em décadas".
Haddad conclui dizendo que "obviamente o contexto econômico continua recessivo e coloca desafios importantes para o ano de 2017, mas cabe tão somente a nova gestão mostrar que possui competência para lidar tão bem com esses desafios quanto a gestão Haddad o fez e que os números provam".