Ônibus: sindicato considerou anúncio uma "traição" de Doria (Chico Ferreira/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 10h33.
São Paulo - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pretende acabar em até três anos com a função de cobradores nos ônibus municipais e avalia aumentar o valor da passagem em 6% para passageiros que pagarem em dinheiro.
Segundo Doria, a extinção da função deve ocorrer "gradualmente", com a transformação dos cobradores em motoristas.
O sindicato que engloba as duas categorias classificou a medida como "traição" do prefeito e promete "plano de luta" contra a medida.
"Não faremos de maneira repentina. Faremos gradualmente, sem nenhum prejuízo àqueles que são cobradores. Eles terão direito à preservação dos seus empregos, só que qualificados como motoristas", disse Doria na segunda-feira, 6, no Terminal Bandeira, na região central.
À tarde, em outro evento, ele complementou: "Será feito ao longo desses próximos dois a três anos."
De acordo com Doria, o programa Rapidão - um serviço de ônibus expresso prometido pelo tucano - será implementado ainda no primeiro semestre e funcionará como um teste para a categoria dos cobradores.
"Vamos implementar o primeiro Rapidão, com experiência BRT e analisar o seu funcionamento. E, aí, ampliar rapidamente esse novo sistema Rapidão, onde o embarque e desembarque será feito em ônibus sem cobradores. Teremos apenas um cobrador na estação."
Segundo o secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, a Prefeitura não descarta cobrar tarifa mais alta para os 6% dos usuários que pagam em dinheiro.
"Não temos nada de concreto. Não vou descartar essa possibilidade, mas ela não está hoje na nossa pauta de estudos".
A ideia seria elevar a tarifa em 6% para quem paga em dinheiro - o que daria R$0,23 além dos atuais R$ 3,80. Em janeiro, a SPTrans apresentou estudo em que previa necessidade de aumento da passagem para R$ 4,05 para equilibrar as contas.
Hoje, cerca de 15% das receitas do sistema de transporte vem de pagamentos feitos em dinheiro, segundo relatório de receitas da SPTrans.
Presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, Valdevan Noventa classificou como "traição" o anúncio.
"O prefeito pediu voto da categoria na campanha e apoiamos. Depois vem dizer que vai desempregar a categoria que apoiou. A gente vai tratar isso como traição."
"O transporte não está caro por causa do cobrador, mas das gratuidades dadas na gestão passada. Se a Prefeitura quer transporte de qualidade, como diz o prefeito, não pode acabar com os cobradores", disse Noventa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.