Doria estreita aproximação com o DEM, de olho em 2022
Fusão entre as siglas também tem sido cogitada pelo governador de São Paulo, mas sofre resistências dentro dos dois partidos
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de abril de 2019 às 14h01.
São Paulo — O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a fazer movimentos mais incisivos na busca por uma aliança com o DEM, que passa por um acordo entre os dois partidos no Estado para as eleições de 2020 e 2022 - e que pode culminar na fusão das duas legendas. O assunto vem sendo tratado com reserva, mas o tucano tem feito alguns gestos explícitos.
No entorno do governador, a expectativa é que o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), assuma o Palácio dos Bandeirantes por pelo menos 8 meses e dispute a reeleição com apoio do PSDB . Em contrapartida, Doria entraria em cena na disputa nacional de 2022 com a retaguarda do DEM e do PSD, partido do ex-ministro Gilberto Kassab. O gesto mais efetivo dessa articulação será dado amanhã, na convenção estadual do DEM que elegerá Garcia presidente do diretório paulista.
Doria confirmou presença e vai subir no palco com Garcia em um evento formatado para exaltar a união entre as duas legendas, que ficou abalada após a derrota do ex-governador Geraldo Alckmin à Presidência da República no ano passado.
Além de dar carta branca a Garcia para atuar como homem forte da articulação política e uma espécie de embaixador do governo, Doria também se aproximou do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM. Em maio, Neto deverá se reeleger na presidência do partido, com Garcia de vice.
Doria e Maia têm se falado e se encontrado com frequência. Um dos momentos mais emblemáticos foi no último dia 23 de março, quando o deputado viajou a São Paulo só para almoçar com o governador e seu vice na casa do tucano, nos Jardins. Em seguida, Doria afirmou que apoia "incondicionalmente" a conduta e a liderança de Maia no processo de aprovação da reforma da Previdência.
"Apoiamos e confiamos plenamente a conduta, trabalho e relevância do deputado Rodrigo Maia como presidente da Câmara Federal e como líder para a aprovação da Reforma da Previdência", afirmou na ocasião.
Já Garcia é cuidadoso ao tratar do assunto, mas admitiu ao Estado que o PSDB será o "parceiro" preferencial do DEM nas eleições municipais. "O DEM tem uma parceria histórica com o PSDB, que continua em um novo momento no Brasil e em São Paulo", disse.
Segundo o vice-governador, os dois partidos estão passando por mudanças de comando, inclusive geracional. Futuro presidente do PSDB paulista e secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo, Marco Vinholli segue na mesma linha e diz que o DEM "está muito próximo" do PSDB.
Outro gesto que chamou atenção no campo eleitoral foi a decisão do empresário Juan Quirós, ex-secretário de Negócios de Doria na prefeitura, e amigo do tucano há mais de 20 anos, de se filiar ao DEM para disputar a prefeitura de Campinas no an que vem. O movimento tem o aval do governador e aproxima ainda mais os tucanos do DEM.
Fusão
O ponto máximo da aproximação pode ser a fusão entre DEM e PSDB. O assunto vem sendo tratado nos bastidores, mas ainda sofre resistência interna nos dois partidos.
A ideia surgiu entre os tucanos após o PSDB sofrer sua pior derrota eleitoral nas eleições do ano passado. Doria disse a interlocutores que a proposta é antes fortalecer o partido, para depois partir para o processo de fusão com outra sigla.
Secretário geral do PSDB, o deputado federal Marcos Pestana (MG), levou essa sugestão à direção executiva da sigla. Antes da fusão, no entanto, o PSDB deve mudar de nome, reformular seu estatuto e promover uma "faxina ética". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.