Doria: "A vacina virá em lotes, pronta do laboratório Sinovac, e depois nós produziremos aqui, no próprio Butantã" (Governo de São Paulo/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 06h32.
Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 07h59.
Em entrevista a uma rádio de Pernambuco, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), informou que o Instituto Butantan deve receber o primeiro lote da vacina Coronavac, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, na próxima quinta-feira, 19, um dia antes do prazo previsto. "E a vacina do Butantã, a Coronavac, ela chega agora, nesta quinta-feira, chega já o primeiro lote das vacinas. Ela virá em lotes, pronta do laboratório Sinovac, e depois nós produziremos aqui, no próprio Butantã, para os brasileiros de São Paulo e brasileiros de todo o país, isso se o Ministério da Saúde entender, como deveria, que a vacina é para todos. Aliás, essa é a nossa defesa", afirmou Doria ao programa Passando a Limpo.
Cerca de 120 mil doses devem chegar a São Paulo na quinta-feira. A vacina está na fase final de testes. "Nós temos a última fase da pesquisa, a última e derradeira. Estamos provavelmente nas últimas duas, três semanas dessa fase final da pesquisa para submeter os resultados à Anvisa. Estamos seguindo rigorosamente o protocolo internacional de testagem da vacina e também é o protocolo da Anvisa", disse Doria. A expectativa é de que o Butantã produza 40 milhões de doses.
Na semana passada, a Anvisa autorizou a retomada dos testes clínicos da Coronavac. O estudo havia sido suspenso na segunda-feira, 9, por causa da ocorrência de um evento adverso grave em um dos voluntários. Segundo fontes da pesquisa, o evento foi a morte de um homem de 32 anos, com suicídio como causa provável, e que não teria nenhuma relação com o imunizante.
A CoronaVac é uma das vacinas experimentais contra a covid-19 que está sendo usado para inocular centenas de milhares de pessoas na China sob um programa de uso emergencial.
Gang Zeng, pesquisador da Sinovac envolvido no estudo com a CoronaVac, disse que a vacina pode ser uma opção atrativa porque pode ser armazenada em temperatura de geladeira de 2 a 8 graus Celsius e pode permanecer estável por até três anos.
"Ofereceria algumas vantagens na distribuição para regiões onde o acesso a refrigeradores é desafiador", disse o autor.
Vacinas desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, que usam uma nova tecnologia chamada RNA mensageiro(mRNA) para ativar o sistema imune contra o vírus, exigem temperaturas mais baixas para o armazenamento.
A vacina da Pfizer precisa ser armazenada e transportada a uma temperatura de -70 graus Celsius, embora possa ser mantida em temperatura de geladeira por até cinco dias, ou por 15 dias em uma caixa com temperatura controlada. A candidata da Moderna traz a expectativa de manter-se estável em temperatura de geladeira por 30 dias, mas para uma armazenamento superior a seis meses, precisa estar a -20 graus Celsius.
O governo do Estado de São Paulo, a quem o Butantan está vinculado, espera disponibilizar a CoronaVac em janeiro, além de ter um acordo para receber doses prontas da vacina, insumos para sua formulação e envase no Butantan e para posterior produção local do imunizante.