Sérgio Cabral: a lei uruguaia concede 40 dias de prazo para que um pedido de extradição seja apresentado (Fernando Frazão/Agência Brasil)
AFP
Publicado em 6 de abril de 2017 às 14h49.
Última atualização em 6 de abril de 2017 às 14h51.
Dois doleiros brasileiros detidos no Uruguai por suposta lavagem de dinheiro em operações ligadas ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral avaliam aderir à delação premiada ante a Justiça local, informou nesta quinta-feira a imprensa uruguaia.
Vinicius Claret - conhecido como Juca Bala - e Cláudio Fernando Barbosa, que foram presos em março no Uruguai e permanecem na prisão central de Montevidéu, em um dos desdobramentos da Operação Lava Jato, devem enfrentar um processo por lavagem de dinheiro e podem ser extraditados se a justiça local aceitar o pedido brasileiro.
De acordo com fontes judiciais citadas pelo jornal El Observador, a defesa dos dois brasileiros recomendou que eles aproveitem o benefício da delação premiada, pelo qual, em troca de fornecer informações importantes sobre o caso aberto no Brasil, poderão obter uma redução de suas sentenças ou uma melhoria das condições de detenção.
O caso era tratado pelo Departamento Judicial de Crime Organizado e se espera que a justiça brasileira solicite formalmente sua extradição.
A lei uruguaia concede 40 dias de prazo para que um pedido de extradição seja apresentado e durante este período os envolvidos podem permanecer presos.
Ambos estão radicados no Uruguai e são acusados de ajudar a lavar dinheiro como parte de um esquema financeiro ilegal montado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (2007-2014), que foi preso em novembro.
A justiça uruguaia tem o objetivo de descobrir a rota da lavagem de dinheiro no mercado local e os bens comprados com dinheiro derivado do esquema desenvolvido por Cabral.
Esse sistema estava imerso nas investigações realizadas pela Lava Jato, lançada em 2014 e que trouxe à tona o maior escândalo de corrupção da história do Brasil, com subornos milionários que incluíam políticos, empresas públicas e privadas.
Grandes empresas da construção, principalmente a Odebrecht, também foram envolvidas, assim como a Petrobras e líderes de alto escalão de partidos políticos brasileiros, levando dezenas de pessoas à prisão, em muitos casos a partir da delação premiada de detidos.