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Ditadura militar quis monitorar Jango na Argentina

Comissão da Verdade apresentou documento que revela a preocupação da ditadura de apressar parceria com governo da Argentina

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart saem da Base Aérea de Brasília, após terem sido analisados pelo Instituto Nacional de Criminalística do da Polícia Federal (Antonio Cruz/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2014 às 21h34.

Brasília - A Comissão Nacional da Verdade apresentou nesta quinta-feira, 19, documento que revela a preocupação da ditadura brasileira de apressar uma parceria com o governo militar da Argentina, logo após o golpe no país vizinho, para monitorar o ex-presidente João Goulart e outros 93 brasileiros asilados ou possivelmente escondidos em território argentino. O documento foi produzido no começo de maio de 1976, menos de dois meses depois do movimento que derrubou a então presidente Isabel Perón.

Produzido pelo III Exército, com sede em Porto Alegre, o documento de caráter sigiloso ressalta que João Goulart poderia deixar a Argentina depois do golpe de 24 de março daquele ano. Os militares brasileiros escrevem que necessitavam de "obter através da cooperação das forças de segurança argentinas a confirmação das presenças" dos citados na lista. Eles escrevem ainda que pediriam aos argentinos fotografias recentes, documentos de identidade e cópias de depoimentos em casos de prisões.

O documento foi entregue à comissão por João Vicente Goulart, filho do ex-presidente. João Vicente observou que, tempos depois da produção do documento, um escritório do ex-presidente na Argentina foi invadido pela polícia local. Não há registro se o pedido foi formalizado aos argentinos nem uma resposta. João Vicente observou que o "subversivo" João Goulart, como o pai é citado no documento, não passava mais que duas noites numa mesma residência, com receio de ser vítima dos militares dos dois países.

Rosa Cardoso, representante do grupo de trabalho da comissão que investiga as relações entre as ditaduras do Cone Sul, ressaltou que a cooperação entre o regime militar do Brasil e forças de repressão da Argentina já existia antes mesmo do golpe contra a presidente Isabel Perón. O documento entregue pelo filho de Goulart, segundo ela, reforça a tese de que a ditadura brasileira logo buscou formalizar uma cooperação com o novo governo argentino. "Já havia um contato com esse novo governo desde as primeiras horas", afirmou.

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Produzido pelo III Exército, com sede em Porto Alegre, o documento de caráter sigiloso ressalta que João Goulart poderia deixar a Argentina depois do golpe de 24 de março daquele ano. Os militares brasileiros escrevem que necessitavam de "obter através da cooperação das forças de segurança argentinas a confirmação das presenças" dos citados na lista. Eles escrevem ainda que pediriam aos argentinos fotografias recentes, documentos de identidade e cópias de depoimentos em casos de prisões.

O documento foi entregue à comissão por João Vicente Goulart, filho do ex-presidente. João Vicente observou que, tempos depois da produção do documento, um escritório do ex-presidente na Argentina foi invadido pela polícia local. Não há registro se o pedido foi formalizado aos argentinos nem uma resposta. João Vicente observou que o "subversivo" João Goulart, como o pai é citado no documento, não passava mais que duas noites numa mesma residência, com receio de ser vítima dos militares dos dois países.

Rosa Cardoso, representante do grupo de trabalho da comissão que investiga as relações entre as ditaduras do Cone Sul, ressaltou que a cooperação entre o regime militar do Brasil e forças de repressão da Argentina já existia antes mesmo do golpe contra a presidente Isabel Perón. O documento entregue pelo filho de Goulart, segundo ela, reforça a tese de que a ditadura brasileira logo buscou formalizar uma cooperação com o novo governo argentino. "Já havia um contato com esse novo governo desde as primeiras horas", afirmou.

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