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Dilma recebe garantias para aliança com PMDB após jantar

Presidente ouviu da cúpula do PMDB promessas e garantias de que haverá renovação da aliança para seu projeto de reeleição

Dilma Rousseff: um pedaço importante do PMDB questiona as vantagens de manter a aliança com o PT (REUTERS/Ueslei Marcelino)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 22h50.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff ouviu da cúpula do PMDB , em jantar na noite de terça-feira, promessas e garantias de que haverá renovação da aliança para seu projeto de reeleição e aproveitou para atacar seus principais adversários na disputa e rasgar elogios aos peemedebistas.

A garantia de apoio à aliança ocorre num momento em que um pedaço importante do PMDB questiona as vantagens de manter a aliança com o PT e depois de reuniões internas de legenda evidenciarem um racha, que tem algum potencial para romper o acordo com Dilma.

"Mais uma vez é um prazer estar aqui no Planalto Central, à beira da lagoa do Temer, porque não sei se vocês sabem mas aqui tem uma lagoa que nós chamamos de lagoa do Temer.

E quero dizer que essa brisa o Temer está dizendo para mim que ele merece sentir por mais quatro anos”, discursou Dilma no jantar no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do PMDB.

Cerca de 40 peemedebistas compareceram ao jantar, entre eles governadores, líderes de bancada, os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e muitos candidatos a governos estaduais do partido.

A reunião serviu também para dar uma demonstração de força a Temer, que nas últimas semanas era alvo de ataques daqueles que não querem apoiar Dilma à reeleição.

“Quero afirmar o caráter eminentemente renovador dessa aliança que nós constituímos e que tem sido crucial para que os dois governos, do presidente Lula e o meu, tivessem governabilidade”, disse Dilma, reconhecendo que a aliança entre PT e PMDB tem imperfeições e diferenças regionais que precisam ser respeitadas.

Pouco antes, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, havia discursado e prometido apoio da maioria do diretório fluminense para a manutenção da aliança nacional com o PT, também reconhecendo as diferenças entre os dois partidos nas disputas estaduais.

No Rio, por exemplo, os peemedebistas queriam impedir a candidatura petista ao governo do senador Lindbergh Farias e há forte resistência à aliança.

“A senhora pode estar certa que gratidão não prescreve. Estaremos todos juntos com a senhora no dia 10 de junho... temos diferenças, sim regionais, mas essas diferenças estão superadas, porque é um projeto nacional, o Brasil é um país continental e a senhora, no plano nacional, tem feito um governo excelente com o Michel”, discursou Cabral.

Apesar da distribuição de elogios, Dilma fez distinções entre os líderes do partido no Congresso. Ao senador Eunício Oliveira (CE) agradeceu por “estar em todos os momentos” ao lado do governo.

Já ao líder da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), considerado um adversário do Palácio do Planalto, Dilma agradeceu “por em muitas circunstâncias” ajudar o governo.

Cunha tem tentando se descolar do movimento daqueles que querem derrotar o acordo com Dilma na convenção, mas é frequentemente visto com um dos principiais articuladores desse grupo.

Segundo relato do peemedebista que conversou com a Reuters, Cunha fez um prognóstico de que a convenção nacional do partido, marcada para 10 de junho, irá “sufragar a aliança” e acrescentou que não “haveria insubordinação” à decisão dos convencionais.

Durante o dia, porém, antes do jantar, o grupo que resiste à renovação da aliança promoveu um frenético corpo a corpo no Congresso numa tentativa de articular uma derrota para Dilma no próximo dia 10.

À frente desse movimento estava o pré-candidato do PMDB ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima. Nos últimos dias, esse grupo colheu a lista dos convencionais e está estudando o terreno para avaliar suas chances de vitória e dar seguimento ao levante.

Para o líder do governo no Senado e pré-candidato ao governo do Amazonas, Eduardo Braga, se havia alguma dúvida sobre o apoio à aliança com o PT, “ela foi dissipada” nesse jantar.    “Foi um jantar alegre e otimista”, disse o senador à Reuters.

Adversários

Dilma aproveitou o encontro com os peemedebista para minar os adversários na disputa.

Primeiro disse que a candidatura do peemedebista Paulo Skaf, ao governo de São Paulo, é estratégica para derrotar os tucanos no maior colégio eleitoral do país.

E disse que ele e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato petista, devem estar juntos no segundo turno.    Na sequência, mirou no senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência.

"Não creio que haja nenhuma outra aliança nesse pais hoje que apresente o potencial de transformação que nós apresentamos”, disse. “É só uma reflexão sobre as demais alianças”, acrescentou.

“Uma delas significa recessão, desemprego e arrocho salarial, isso representam as medidas impopulares para começo de conversa”, disse em referência a uma declaração do tucano que afirmou recentemente estar preparado para adotar “medidas impopulares”.

“Representa  o fim da política industrial... porque é vergonhoso para essa aliança subsidiar investimentos, é vergonhoso para essa aliança o Minha Casa, Minha Vida. É vergonhoso para essa aliança todos os processo que implicam em ganhos reais de salários”, acrescentou Dilma.

E depois mirou a candidatura do socialista Eduardo Campos. “A outra aliança que pode aparentemente se apresentar como avançada é a aliança daqueles, e aí o (ministro de Minas e Energia Edison) Lobão pode até falar muito mais do que eu, que são contra hidrelétricas”, atacou.

“Mas ao mesmo tempo a proposta dos que pretensamente são avançados, e nos acusam de atraso, é a proposta dos que pretendem uma meta de inflação de 3 por cento”, disse em referência uma entrevista recente de Campos, em que ele defende a redução da meta dos atuais 4,5 por cento para 3 por cento daqui a três anos.

Texto atualizado com mais informações às 16h30min do mesmo dia.

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Brasília - A presidente Dilma Rousseff ouviu da cúpula do PMDB , em jantar na noite de terça-feira, promessas e garantias de que haverá renovação da aliança para seu projeto de reeleição e aproveitou para atacar seus principais adversários na disputa e rasgar elogios aos peemedebistas.

A garantia de apoio à aliança ocorre num momento em que um pedaço importante do PMDB questiona as vantagens de manter a aliança com o PT e depois de reuniões internas de legenda evidenciarem um racha, que tem algum potencial para romper o acordo com Dilma.

"Mais uma vez é um prazer estar aqui no Planalto Central, à beira da lagoa do Temer, porque não sei se vocês sabem mas aqui tem uma lagoa que nós chamamos de lagoa do Temer.

E quero dizer que essa brisa o Temer está dizendo para mim que ele merece sentir por mais quatro anos”, discursou Dilma no jantar no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do PMDB.

Cerca de 40 peemedebistas compareceram ao jantar, entre eles governadores, líderes de bancada, os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e muitos candidatos a governos estaduais do partido.

A reunião serviu também para dar uma demonstração de força a Temer, que nas últimas semanas era alvo de ataques daqueles que não querem apoiar Dilma à reeleição.

“Quero afirmar o caráter eminentemente renovador dessa aliança que nós constituímos e que tem sido crucial para que os dois governos, do presidente Lula e o meu, tivessem governabilidade”, disse Dilma, reconhecendo que a aliança entre PT e PMDB tem imperfeições e diferenças regionais que precisam ser respeitadas.

Pouco antes, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, havia discursado e prometido apoio da maioria do diretório fluminense para a manutenção da aliança nacional com o PT, também reconhecendo as diferenças entre os dois partidos nas disputas estaduais.

No Rio, por exemplo, os peemedebistas queriam impedir a candidatura petista ao governo do senador Lindbergh Farias e há forte resistência à aliança.

“A senhora pode estar certa que gratidão não prescreve. Estaremos todos juntos com a senhora no dia 10 de junho... temos diferenças, sim regionais, mas essas diferenças estão superadas, porque é um projeto nacional, o Brasil é um país continental e a senhora, no plano nacional, tem feito um governo excelente com o Michel”, discursou Cabral.

Apesar da distribuição de elogios, Dilma fez distinções entre os líderes do partido no Congresso. Ao senador Eunício Oliveira (CE) agradeceu por “estar em todos os momentos” ao lado do governo.

Já ao líder da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), considerado um adversário do Palácio do Planalto, Dilma agradeceu “por em muitas circunstâncias” ajudar o governo.

Cunha tem tentando se descolar do movimento daqueles que querem derrotar o acordo com Dilma na convenção, mas é frequentemente visto com um dos principiais articuladores desse grupo.

Segundo relato do peemedebista que conversou com a Reuters, Cunha fez um prognóstico de que a convenção nacional do partido, marcada para 10 de junho, irá “sufragar a aliança” e acrescentou que não “haveria insubordinação” à decisão dos convencionais.

Durante o dia, porém, antes do jantar, o grupo que resiste à renovação da aliança promoveu um frenético corpo a corpo no Congresso numa tentativa de articular uma derrota para Dilma no próximo dia 10.

À frente desse movimento estava o pré-candidato do PMDB ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima. Nos últimos dias, esse grupo colheu a lista dos convencionais e está estudando o terreno para avaliar suas chances de vitória e dar seguimento ao levante.

Para o líder do governo no Senado e pré-candidato ao governo do Amazonas, Eduardo Braga, se havia alguma dúvida sobre o apoio à aliança com o PT, “ela foi dissipada” nesse jantar.    “Foi um jantar alegre e otimista”, disse o senador à Reuters.

Adversários

Dilma aproveitou o encontro com os peemedebista para minar os adversários na disputa.

Primeiro disse que a candidatura do peemedebista Paulo Skaf, ao governo de São Paulo, é estratégica para derrotar os tucanos no maior colégio eleitoral do país.

E disse que ele e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato petista, devem estar juntos no segundo turno.    Na sequência, mirou no senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência.

"Não creio que haja nenhuma outra aliança nesse pais hoje que apresente o potencial de transformação que nós apresentamos”, disse. “É só uma reflexão sobre as demais alianças”, acrescentou.

“Uma delas significa recessão, desemprego e arrocho salarial, isso representam as medidas impopulares para começo de conversa”, disse em referência a uma declaração do tucano que afirmou recentemente estar preparado para adotar “medidas impopulares”.

“Representa  o fim da política industrial... porque é vergonhoso para essa aliança subsidiar investimentos, é vergonhoso para essa aliança o Minha Casa, Minha Vida. É vergonhoso para essa aliança todos os processo que implicam em ganhos reais de salários”, acrescentou Dilma.

E depois mirou a candidatura do socialista Eduardo Campos. “A outra aliança que pode aparentemente se apresentar como avançada é a aliança daqueles, e aí o (ministro de Minas e Energia Edison) Lobão pode até falar muito mais do que eu, que são contra hidrelétricas”, atacou.

“Mas ao mesmo tempo a proposta dos que pretensamente são avançados, e nos acusam de atraso, é a proposta dos que pretendem uma meta de inflação de 3 por cento”, disse em referência uma entrevista recente de Campos, em que ele defende a redução da meta dos atuais 4,5 por cento para 3 por cento daqui a três anos.

Texto atualizado com mais informações às 16h30min do mesmo dia.

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