A presidente Dilma Rousseff: "Olha aqui, eu vou te falar uma coisa, o PMDB só me dá alegrias" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2014 às 16h23.
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que o PMDB só lhe dá alegrias, apesar da crise entre o partido e o PT que levou a presidente a realizar uma série de reuniões com caciques peemedebistas para tentar acalmar os ânimos e manter a aliança nas próximas eleições.
"Olha aqui, eu vou te falar uma coisa, o PMDB só me dá alegrias", disse Dilma a jornalistas durante viagem ao Chile para acompanhar a posse da presidente Michelle Bachelet.
Ao ser perguntada se daqui para frente teria ainda mais alegrias, Dilma decidiu falar sobre a Copa do Mundo. "Daqui para frente... esse é um ano muito especial. Primeiro, porque nós temos a Copa. E eu tenho a convicção que ela vai ser uma Copa fantástica", respondeu.
O vice-presidente Michel Temer também procurou minimizar as tensões nesta terça após reunião com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) em Brasília.
"Bons diálogos, boas conversas e sempre com vistas à pacificação absoluta", disse Temer, presidente licenciado do PMDB.
"A presidenta foi clara em dizer que o PMDB só dá alegrias. E só dá alegrias mesmo para o governo. Apoia o governo, ajuda o governo. Sinal de que a presidente foi muito explícita em relação à frase que formalizou", disse.
Apesar da declaração sobre o seu principal partido aliado no Congresso, a relação de Dilma com os peemedebistas nos bastidores é tensa e as propostas da petista para manter a aliança e acalmar os ânimos foram recebidas com desconfiança pela cúpula do partido nos últimos dias.
Os movimentos de Dilma para debelar, na avaliação de um peemedebista, têm sido de "esticar mais a corda" e "criar mais tensão" para depois buscar um acordo. Além disso, avaliou essa fonte, é arriscada a estratégia da petista de concluir a reforma ministerial sem considerar as demandas da bancada do PMDB na Câmara e isolar o líder peemedebista Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Ele não está sozinho, ele tem a força da bancada", disse a fonte.
A cúpula do partido tem avaliação semelhante e não tem recebido bem os movimentos da presidente para resolver a crise, que não envolve apenas as dificuldades da reforma ministerial, mas também a relação com o Congresso e as negociações das alianças eleitorais nos Estados.
Em busca de uma solução para esses temas, Dilma reuniu-se no domingo e na segunda-feira com caciques do PMDB para tentar aplacar o descontentamento em setores da legenda.
A crise entre PMDB e PT teve como estopim a insatisfação da bancada peemedebista, principalmente na Câmara, com o encaminhamento dado por Dilma à reforma ministerial.
Mas o PMDB já vinha dando sinais de descontentamento com a presidente desde o início do seu mandato, por entender que a interlocução com o Palácio do Planalto e o espaço do partido no governo são insuficientes. O ritmo de liberação de emendas parlamentares também tem sido ponto de atrito.