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Dilma busca blindagem, mas faz Conselho com cara de mercado

A escolha de Aldemir Bendine para presidir a Petrobras busca blindar o governo, mas a presidente desenha um Conselho mais voltado ao mercado para equilibrar


	Aldemir Bendine e Dilma Rousseff: Dilma "decidiu que era melhor colocar Bendine, que tem maior capacidade de suportar pressões", disse ministro
 (Divulgação/Presidência)

Aldemir Bendine e Dilma Rousseff: Dilma "decidiu que era melhor colocar Bendine, que tem maior capacidade de suportar pressões", disse ministro (Divulgação/Presidência)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 18h26.

Brasília - A escolha de Aldemir Bendine para presidir a Petrobras, feita sob pressão e entre poucas opções, busca blindar o governo do escândalo de corrupção que atinge a estatal, mas a presidente Dilma Rousseff desenha um Conselho de Administração mais voltado ao mercado para equilibrar o comando da estatal, disse à Reuters um ministro nesta sexta-feira.

"Diante da grande crise que vive a Petrobras, ela decidiu que era melhor colocar Bendine, que tem maior capacidade de suportar pressões", disse à Reuters o ministro, sob condição de anonimato. Além de Bendine, apenas o nome de Murilo Ferreira, presidente da Vale, estava em análise para comandar a petroleira, disse a fonte.

"No Conselho a ideia é equilibrar um pouco" essa opção mais caseira para a presidência da estatal, segundo a fonte. A escolha de Bendine desapontou investidores, que esperavam um nome do mercado para recuperar a imagem arranhada da petroleira.

As ações preferenciais da estatal fecharam em queda de quase 7 por cento, enquanto as ordinárias caíram 6,5 por cento.

A busca por novos nomes para o Conselho de Administração, atualmente presidido pelo ex-ministro Guido Mantega, será liderada pelo atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Também são membros do Conselho indicados pelo governo a ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. No final do ano passado, Dilma disse que mudaria todo o Conselho da estatal.

Dilma não queria substituir Maria das Graças Foster no comando da empresa, mas percebeu que a executiva, sua amiga pessoal, não tinha mais condições emocionais de continuar no cargo e aceitou seu pedido de demissão. A presidente havia desenhado uma saída suave para Graça Foster, como gosta de ser chamada, permitindo que ela encontrasse uma solução para divulgação do balanço contábil auditado da Petrobras.

O cronograma acertado entre as duas, no entanto, não foi aceito por outros cinco diretores, que com a executiva apresentaram demissão coletiva na manhã da quarta-feira, cerca de 48 horas antes da reunião do Conselho de Administração nesta sexta.

Diante deste cenário, Dilma se viu obrigada a escolher um nome de sua confiança para assumir o comando da estatal, que vive a sua maior crise em meio a denúncias de corrupção. "A presidente foi levada a substituir a Graça, ela não queria", disse a fonte.

Confiança

"A principal empresa do Brasil tem que ser presidida por alguém que ela conheça e confie", acrescentou. Bendine não é uma opção temporária para a Petrobras, garantiu esse ministro.

Pesou também a favor de Bendine seu desempenho à frente do Banco do Brasil e o empenho em relação às políticas públicas determinadas pelo governo.

Um petista, sob condição de anonimato, criticou a escolha da presidente para o comando da estatal.

"Foi uma escolha infeliz e vai aumentar a crise na empresa." Além de prospectar nomes para o Conselho de Administração, Levy também foi incumbido por Dilma a encontrar uma solução para o balanço contábil da companhia.

O ministro tenta encontrar uma metodologia que atenda às exigências da SEC, órgão regulador dos Estados Unidos, e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Petrobras divulgou o balanço não auditado do terceiro trimestre na semana passada, sem incluir as esperadas baixa contábeis relacionadas às denúncias de corrupção da Operação Lava Jato, em meio à dificuldade de se estabelecer valores incontestáveis enquanto o processo ainda corre na Justiça.

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