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Dia do Trabalhador: Lula critica juros e diz que estuda isentar imposto da PLR de trabalhadores

Em ato do Dia do Trabalhador em São Paulo, Lula fala sobre juros, fiscalização de assédio contra as mulheres e investimento em infraestrutura

Lula: Presidente participa de ato do 1º de maio no Vale do Anhangabaú (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

Lula: Presidente participa de ato do 1º de maio no Vale do Anhangabaú (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 1 de maio de 2023 às 15h57.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez nesta segunda-feira, 1º de maio, novas críticas à taxa de juros no país que, segundo ele, é responsável, em parte, "pela situação que vivemos hoje", em referência ao desemprego. A crítica faz parte dos embates que perduram há meses entre o governo federal e o Banco Central, sob comando de Roberto Campos Neto.

"Não podemos viver em um país onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego, porque ela é responsável por uma parte da situação que vivemos hoje", declarou o presidente da República, em ato do Dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

No discurso, Lula agradeceu às centrais sindicais por terem dado a ele novo mandato para "consertar o país". De acordo com ele, a missão de sua nova gestão é mostrar que o Brasil pode voltar a sorrir. "O povo não vai permanecer vítima do ódio", disse. "Não podemos viver em um país em que a escola e o emprego não são levados a sério."

As críticas à taxa de juros tiveram forte espaço no ato. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, afirmou que "a partir de amanhã [terça-feira], o movimento sindical estará em luta permanente pela redução da taxa de juros no país". Assim como outras lideranças, ele elogiou as medidas de Lula e seus 100 primeiros dias de governo.

Lula esteve acompanhado dos ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar Paulo Teixeira, da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, das Mulheres, Cida Gonçalves, e da presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann.

Isenção do Imposto de Renda da PLR dos trabalhadores

O presidente Lula afirmou ainda nesta segunda-feira que o governo estuda isentar da cobrança do Imposto de Renda a participação nos lucros paga aos trabalhadores. Segundo Lula, o assunto está sendo analisado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele chamou de "absurdo" o pagamento de imposto sobre a PLR.

"Se o patrão não paga imposto de renda sobre lucro e dividendo, porque os trabalhadores têm que pagar imposto no PLR? Estamos estudando, quem sabe para o próximo ano. O trabalhador não pode pagar imposto de renda sobre a participação dele no lucro da empresa", reclamou o presidente durante discurso no ato unificado das centrais sindicais. Lula afirmou que o fim da cobrança do imposto foi um pedido das centrais em reunião com ele e com Haddad.

Lula diz que fará mais por compromisso com povo trabalhador

O presidente da República voltou a afirmar nesta segunda-feira que fará mais em seu terceiro mandato, até 2026, do que fez em seus dois primeiros mandatos. "Eu sou muito agradecido à confiança que vocês me deram a vida inteira. O sucesso do meu governo de 2003 a 2010 devo à solidariedade e ao apoio do povo trabalhador deste país. Estamos nos primeiros quatro meses de governo e eu quero provar que nesses próximos quatro anos, vamos fazer muito mais do que eu fiz", disse Lula, durante o ato de 1º de maio organizado pelas centrais sindicais em São Paulo.

E complementou: "Vamos mudar este país porque a economia vai voltar a crescer e gerar mais empregos. Vou fazer por compromisso com as pessoas que ralam o dia inteiro. Vou fazer mais que em meus primeiros mandatos por compromisso ao povo trabalhador."

Entre as medidas prometidas, além de destacar o aumento real do salário mínimo, anunciado no domingo, Lula voltou a citar o retorno da farmácia popular e o aumento de médicos especialistas na saúde básica.

"Nós vamos garantir que as pessoas pobres desse país tenham direito ao especialista para não morrer com uma receita na cabeceira da cama", disse o presidente da República.

Lula mencionou também a necessidade de seguridade social aos motoristas de aplicativos. "Se ele quiser continuar trabalhando no aplicativo, ele pode continuar mas queremos que a pessoa que trabalhe no aplicativo tenha cobertura de seguridade social", defendeu junto às lideranças sindicais presentes no ato.

Viagem à Inglaterra 

De olho na sua próxima agenda internacional, o presidente Lula disse que irá para a Inglaterra apresentar projetos a investidores estrangeiros. Conforme mostrou a reportagem, Lula decidiu comparecer à coroação do Rei Charles III, do Reino Unido em 6 de maio.

Em discurso durante ato do Dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, Lula relembrou suas viagens internacionais no terceiro mandato como forma de trazer mais investimento externo ao país.

"Estamos mostrando para eles (empresários estrangeiros) os grandes projetos que vamos apresentar no 3º PAC", declarou Lula.

Em sua avaliação, esse será o maior projeto de infraestrutura do país e, consequentemente, trará maior geração de emprego.

A organização do evento estima que 40 mil pessoas participam do ato no Vale do Anhangabaú. O evento unificado de 1º de maio é organizado pelas centrais sindicais CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Intersindical Classe Trabalhadora, CSB, Nova Central e Pública.

Investimento de R$ 23 bilhões em infraestrutura

O presidente Lula afirmou a representantes de centrais sindicais e trabalhadores que o governo investirá R$ 23 bilhões em obras de infraestrutura este ano. "No governo passado, eles investiram R$ 20 bilhões em quatro anos para fazer estrada e ponte. Nós, só neste ano, vamos investir R$ 23 bilhões. Em um ano nós vamos fazer mais do que eles fizeram em quatro", disse Lula, durante o ato de 1º de maio organizado pelas centrais sindicais em São Paulo.

Ele afirmou também que o terceiro PAC - ou seja, a terceira edição do antigo Programa de Aceleração do Crescimento das gestões petistas anteriores - será o "grande projeto de obras de infraestrutura do país".

"Estamos apresentando o terceiro PAC a empresários. Será o maior projeto de infraestrutura do país", prometeu Lula. Foi o primeiro evento de Lula com centrais de trabalhadores após a sua eleição.

Fiscalização sobre casos de assédio

O presidente da República ainda disse nesta segunda-feira ser preciso maior fiscalização em relação aos casos de assédio contra as mulheres, em meio às denúncias envolvendo a Petrobras e a Caixa Econômica. Em mais um discurso de defesa das mulheres no ambiente de trabalho, Lula ressaltou o trabalho do governo em garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função.

"Precisamos ser cada vez mais duros contra o assédio contra as mulheres. É uma vergonha a falta de respeito com as nossas companheiras mulheres no local de trabalho, ônibus, trem, metrô, e inclusive nas piadas", declarou o presidente da República, em ato do Dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. "É importante que a gente veja a mulher como nossa semelhante igual com o mesmo direito."

Nesta semana, a presidente da Caixa, Maria Rita Serrano, afirmou que o banco entrará com ação na Justiça contra Pedro Guimarães, ex-presidente da instituição, para pedir o ressarcimento de valores que o banco vai ter que pagar em função de acordo com a Justiça do Trabalho em processo envolvendo as denúncias contra Guimarães de abuso sexual.

Já a Petrobras anunciou que irá disponibilizar um serviço de atendimento psicológico 24h para acolhimento e orientação em casos de assédio e importunação sexual, que cresceram nos últimos anos.

Em fala, Lula também relembrou que assinou Projeto de Lei (PL), enviado ao Congresso Nacional, para garantir a igualdade salarial, em 8 de março, comemorado Dia Internacional das Mulheres. "Não é possível que depois de tantos milênios de existência da humanidade, a gente ainda seja tratado como se a mulher fosse um ser inferior", declarou. "Pela primeira vez, vamos garantir de verdade que a mulher ganhe o mesmo salário do homem".

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