Brasil

Desmatamento da Amazônia aumenta 64% em abril, aponta Inpe

A crise gerada pela pandemia do coronavírus no Brasil dificulta a atuação de agentes do Ibama para coibir destruição da floresta

Desmatamento: nos primeiros quatro meses do ano, o desmatamento na Amazônia aumentou 55% em relação ao ano anterio (Bruno Kelly/Reuters)

Desmatamento: nos primeiros quatro meses do ano, o desmatamento na Amazônia aumentou 55% em relação ao ano anterio (Bruno Kelly/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 8 de maio de 2020 às 18h37.

Última atualização em 8 de maio de 2020 às 20h03.

O desmatamento na floresta amazônica brasileira subiu acentuadamente em abril, mostraram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira. O surto de coronavírus mantém muitos agentes ambientais fora do campo e o país se prepara para enviar tropas para combater a extração ilegal de madeira na região.

A destruição da porção brasileira da Amazônia aumentou 64% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados preliminares de satélite do Inpe.

Nos primeiros quatro meses do ano, o desmatamento na Amazônia aumentou 55% em relação ao ano anterior, para 1.202 km², segundo dados do instituto.

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, e os cientistas dizem que sua preservação é vital para conter o aquecimento global devido à grande quantidade de gases de efeito estufa que absorve.

No ano passado, o desmatamento da Amazônia foi o maior em 11 anos e continua a subir em 2020, que os ambientalistas atribuem às políticas do presidente Jair Bolsonaro, que incentivou madeireiros, mineiros e fazendeiros ilegais.

Bolsonaro pediu mais agricultura e mineração em áreas protegidas da floresta, dizendo que é a única maneira de tirar a região da pobreza.

O novo surto de coronavírus complicou os esforços para combater o desmatamento, com o Ibama enviando menos agentes para o campo devido a riscos à saúde. A agência disse que reduzirá os agentes de campo em outras áreas de risco, mas não na Amazônia.

— A pandemia não ajudou porque aparentemente há menos agentes por aí, e madeireiros ilegais obviamente não se importam com o vírus em áreas remotas da Amazônia — disse Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon, instituto sem fins lucrativos da Amazônia.

Barreto e outros ambientalistas, incluindo o Greenpeace, disseram que o aumento já estava ocorrendo no ano passado devido a medidas do governo que incentivavam a extração ilegal de madeira, em particular um decreto agora perante o Congresso que poderia dar o título a grileiros que invadiram terras públicas e indígenas.

À medida que o desmatamento dispara, Bolsonaro na quinta-feira autorizou o envio de forças armadas para deter madeireiros ilegais e combater o desmatamento e os incêndios florestais na região. Os defensores do meio ambiente dizem que a medida pode ajudar no curto prazo, mas não é uma solução duradoura.

Os agentes do Ibama manifestaram consternação com o desmatamento nos últimos meses, apesar da atual estação chuvosa na Amazônia, o que dificulta a travessia da floresta e geralmente impede a extração ilegal de madeira.

Partes da Amazônia que são pontos quentes para o desmatamento, como o sul do Pará, registraram níveis de chuva acima da média, o que normalmente levaria a uma queda no desmatamento, disse à Reuters Carlos Nobre, cientista de sistemas terrestres da Universidade de São Paulo.

Nobre alertou que as chuvas diminuirão nos próximos três meses à medida que a estação seca ocorrer, que é quando o desmatamento atinge o pico na maioria dos anos.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaDesmatamentoInpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Mais de Brasil

Após indiciamento, Bolsonaro critica atuação de Moraes: 'Faz tudo o que não diz a lei'

PF indicia Bolsonaro, Heleno, Braga Netto e mais 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado

Lula comenta plano golpista para matá-lo: 'A tentativa de me envenenar não deu certo'

Às vésperas da decisão no Congresso, EXAME promove webinar sobre a regulação da reforma tributária