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Desafio de Mantega será "walk the talk"

Será preciso levar o discurso à prática, já que nem Dilma nem Mantega têm um passado que coincida com a faceta “dura” que agora mostram ao país

Mantega sempre foi apontado como o lado desenvolvimentista da balança de poder de Lula (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2010 às 17h19.

São Paulo - A expressão inglesa “walk the talk” resume bem o desafio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em seu reinício de mandato. Conforme a orientação da presidente eleita Dilma Rousseff, emitida já no primeiro discurso após fechadas as urnas, o governo tem como meta reduzir o endividamento público de 40% para 30% do PIB. É o que reafirma agora Mantega, o homem forte de Dilma para a economia. “Walk the talk” pode ser traduzido como levar o discurso à prática, ou entregar as promessas que estão sendo feitas.

A cobrança por “walk the talk” justifica-se – nem Dilma nem Mantega têm um passado que coincida com a faceta “dura” que agora mostram ao país. Dilma, vale lembrar, foi a grande opositora de um projeto de zerar o déficit fiscal do governo federal, aventado pelo ex-ministro da Fazenda (e futuro ministro) Antonio Palocci. À época, Dilma se referiu à idéia como “rudimentar”. Curiosamente, o plano de Palocci serviria exatamente para permitir maior folga fiscal e redução do endividamento público.

Já Mantega sempre foi apontado como o lado desenvolvimentista da balança de poder de Lula. Abraçou com gosto a política de gastos públicos após a eclosão da crise. O que deveria ter sido uma política anticíclica – ou seja, um estímulo fiscal que durasse apenas o necessário para sepultar o risco de uma crise mais profunda – acabou virando aumento de gasto em definitivo. Foi o que se viu, por exemplo, com o aumento generoso do salário mínimo, que ampliou os gastos da previdência, e contratações de funcionários públicos nos últimos dois anos. Recentemente, afirmou que gasto público não guarda qualquer relação com a elevada taxa de juros do país. Convenhamos, não é exatamente a visão de mundo de alguém preocupado com o ajuste fiscal.

Portanto, agora é hora de “walk the talk”. Há espaço para otimismo? Bem, todos sabemos que o Brasil não é um país para principiantes. Em seu primeiro mandato, Lula foi por vezes mais monetarista do que seu antecessor. É clássica a análise de que algumas ações mais duras muitas vezes só são adotadas por políticos no espectro oposto, seja à direita ou à esquerda. Os republicanos Richard Nixon e Henry Kissinger, por exemplo, foram responsáveis pela reaproximação americana com a então comunista China em plena Guerra Fria. O que não quer dizer, claro, que o aperto anunciado esteja garantido. Afinal, como diz outra expressão estrangeira, essa da terra natal do ministro Mantega, “tra il dire e Il fare, c’é di mezzo il mare”.

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São Paulo - A expressão inglesa “walk the talk” resume bem o desafio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em seu reinício de mandato. Conforme a orientação da presidente eleita Dilma Rousseff, emitida já no primeiro discurso após fechadas as urnas, o governo tem como meta reduzir o endividamento público de 40% para 30% do PIB. É o que reafirma agora Mantega, o homem forte de Dilma para a economia. “Walk the talk” pode ser traduzido como levar o discurso à prática, ou entregar as promessas que estão sendo feitas.

A cobrança por “walk the talk” justifica-se – nem Dilma nem Mantega têm um passado que coincida com a faceta “dura” que agora mostram ao país. Dilma, vale lembrar, foi a grande opositora de um projeto de zerar o déficit fiscal do governo federal, aventado pelo ex-ministro da Fazenda (e futuro ministro) Antonio Palocci. À época, Dilma se referiu à idéia como “rudimentar”. Curiosamente, o plano de Palocci serviria exatamente para permitir maior folga fiscal e redução do endividamento público.

Já Mantega sempre foi apontado como o lado desenvolvimentista da balança de poder de Lula. Abraçou com gosto a política de gastos públicos após a eclosão da crise. O que deveria ter sido uma política anticíclica – ou seja, um estímulo fiscal que durasse apenas o necessário para sepultar o risco de uma crise mais profunda – acabou virando aumento de gasto em definitivo. Foi o que se viu, por exemplo, com o aumento generoso do salário mínimo, que ampliou os gastos da previdência, e contratações de funcionários públicos nos últimos dois anos. Recentemente, afirmou que gasto público não guarda qualquer relação com a elevada taxa de juros do país. Convenhamos, não é exatamente a visão de mundo de alguém preocupado com o ajuste fiscal.

Portanto, agora é hora de “walk the talk”. Há espaço para otimismo? Bem, todos sabemos que o Brasil não é um país para principiantes. Em seu primeiro mandato, Lula foi por vezes mais monetarista do que seu antecessor. É clássica a análise de que algumas ações mais duras muitas vezes só são adotadas por políticos no espectro oposto, seja à direita ou à esquerda. Os republicanos Richard Nixon e Henry Kissinger, por exemplo, foram responsáveis pela reaproximação americana com a então comunista China em plena Guerra Fria. O que não quer dizer, claro, que o aperto anunciado esteja garantido. Afinal, como diz outra expressão estrangeira, essa da terra natal do ministro Mantega, “tra il dire e Il fare, c’é di mezzo il mare”.

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